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O Álbum dos Juvêncios é um olhar sobre a Província do Pará do século XIX e início do XX. Através dele se deslumbrará um pouco da história da província e dos homens que a fizeram. O Álbum é inspirado em uma série de artigos publicados no final do século XIX pelo bacharel Demétrio Bezerra da Rocha Moraes, em que expunha a vida dos políticos do partido de oposição.
quinta-feira, 26 de abril de 2012
quarta-feira, 25 de abril de 2012
Série: As Damas da Literatura Paraense
Esmeralda Cervantes
Clotilde Cerdá e Bosch foi
uma instrumentista de renome e compositora de peças para harpa. Nasceu em
Barcelona 1852 sendo filha de Ildefonso Cerdá engenheiro e da pintora Clotilde
Bosch. Sua mãe mandou-a para Roma para estudar pintura com Mariano Fortuny. A
jovem acabou por optar pela música, conseguindo com que a sua genialidade fosse
reconhecida, por unanimidade, pelas mentes mais capazes da Europa, América e
Ásia no final dos anos XIX e início do século XX.
Ficou conhecida no mundo
das artes com o pseudônimo Esmeralda Cervantes. Esse pseudônimo tem origem em Victor
Hugo, que a chamou com o mesmo nome que ele tinha imaginado para a heroína de
seu romance Notre Dame de Paris, e Cervantes, em homenagem ao escritor
espanhol.
A instrumentista estreou
no Teatro Imperial de Viena em 1873, Cabouli Pasha, o embaixador turco, emitiu
o titulo de harpista imperial da Embaixada da Turquia em Viena, o imperador
Francisco José lhe ofereceu uma rica joia e Languenbach aproveitou a menina e
levou-a de Viena a Munique e de lá para todas as grandes cidades da
Confederação Germânica. Em Munique, Wagner, que a admirava, disse ao rei da
Baviera, informando-o da capacidade artística de Esmeralda: Esse é o gênio.
Continuou sua turnê pela
Europa se apresentando as principais casas reais como Inglaterra, Würtemberg,
Holanda, Grecia e Bélgica. Seu talento e maestria estavam confirmados.
Em 1875 viajou para a
América, de onde por solicitação do Imperador do Brasil iniciou uma serie de
concertos pela América Latina. Somente no Caribe realizou 36 concertos e destes
28 converteu as rendas para os feridos de guerra.
A convite do sultão
otomano se estabeleceu em Constantinopla onde passou a ser a harpista imperial
e onde também contraiu matrimonio com o germano-brasileiro Óscar Grossmann. Seu
marido era um dos acionistas da Companhia de Estradas de Ferro Urbanas Paraense
e por isso mantinha residência em Belém.
Acompanhando o marido
Esmeralda Cervantes acabou por fixar residência em Belém, onde passou a
realizar concertos em varias instituições, incluindo o instituto Carlos Gomes.
Fazia parte do conservatório de
Belém, onde ministrava aulas de elementos de harpa.
Sempre voltada as artes,
passou a fazer parte da primeira instituição de letras da Amazônia, a Mina Literária,
onde realizava inúmeros concertos e apresentações. Foi uma das editoras do periódico
A Revista, que divulgava as letras no Pará no final do século XIX.
Em 1897 solicita a câmara municipal
de Belém autorização para a construção de um pavilhão de divertimento para as
crianças na praça da Republica, por considerar necessário os exercícios físicos
por parte das crianças. Seu pedido foi aprovado por unanimidade. Esse espaço acabou
por se tornar o primeiro asilo (Creches e Kindergurten) para a infância de
Belém, contando já em janeiro de 1899 com 83 crianças. Esmeraldina Cervantes
era a sua presidente.
Com o intuito de arrecadar
fundos para esta instituição passou a auxiliar na publicação da revista “Anjo
do Lar” que revertia toda sua arrecadação para o auxilio de crianças carentes.
Durante todo o tempo em
que viveu em Belém continuou a fazer concertos onde as rendas eram destinadas a
caridade, fazendo apresentações inclusive em nome da Cruz Vermelha.
Em 18 de outubro de 1898,
a Mina Literária recebeu em Belém os escritores italianos Gemma Ferrugi e
Alberto Mazi, cabendo a ilustre harpista apresentar um belo verso de sua
autoria, denominado “Mia opinion”.
Passou os últimos anos de
sua vida em Tenerife ao lado do marido, vindo a falecer em 12 de abril de 1926.
Esmeraldina Cervantes não
nasceu no Pará, não morreu também, porem pelos seus atos e o seu grande
contributo para a difusão da musica, da educação e da caridade, deve ser incluída
entre as damas da Literatura Paraense.
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terça-feira, 24 de abril de 2012
O Santo Imortal ou o Imortal Santo?
“Guarda-me como a pupila dos olhos,
esconde-me à sombra de tuas asas, longe dos ímpios que me oprimem, dos inimigos
mortais que me cercam”
Salmo 17
Hoje estava
organizando alguns arquivos da Academia Paraense de Letras (agora inicio quase
todos os meus post assim) e me deparei com um uma pasta de um dos antigos
imortais. Eram os documentos de D. Antônio de Almeida Lustosa. Era uma pasta
fina, com algumas notas recortadas de falecimento, a data que ocupou a cadeira
da APL e as duas fotos que aqui publico. Nada mais!!
Diante das
fotos onde se consegue visualizar o Governador Magalhães Barata, me ocorreu de
buscar mais algumas informações sobre este elemento da APL esquecido pelo
tempo. Acabei por me surpreender, pois apesar de sua trajetória ter sido
olvidada pelos seus confrades de letras, sua imortalidade foi consagrada pelos
fieis católicos.
![]() |
Com o Intendente Magalhães Barata no município de Bujarú |
Dom Antônio de
Almeida Lustosa nasceu em 11 de fevereiro de 1886, na cidade de S. João del
Rei, estado de Minas Gerais e foi ordenado padre em 1912. Foi nomeado bispo de
Uberaba em 1925 permanecendo nas funções até 1928, ocupou ainda o bispado do
Corumbá (1928-1931), sendo posteriormente promovido a arcebispo de Belém do
Pará, pelo Papa Pio XI, no dia 10 de julho de 1931.
Chegou a Belém
no dia 17 de dezembro do mesmo ano, fazendo sua entrada solene na catedral no
mesmo dia. Nos dez anos de seu governo, ele visitou todo o território da
Arquidiocese, apesar das grandes dificuldades de acesso e excessiva extensão
territorial. A partir de setembro de 1932, Dom Lustosa passa a publicar no
periódico católico "A Palavra", suas crônicas relativas às visitas
pastorais. Esta coluna terá o nome de "A Margem da Visita Pastoral"; a
coletânea destes artigos foi publicada como livro. De sua pena saíram ainda
muitos outros livros, entre os quais uma biografia de Dom Macedo Costa, Bispo
do Pará.
Dentre as
muitas realizações de Dom Antônio Lustosa destaca-se a reabertura do Seminário
Nossa Senhora da Conceição, confiado à administração dos salesianos; criação de
diversas paróquias; instalação de comunidades religiosas dos Padres Crúzios,
das Irmãs Filhas de Maria Auxiliadora, das Filhas da Caridade de São Vicente de
Paulo, das Irmãs Capuchinhas, das Angélicas de São Paulo e das Irmãs de Nossa
Senhora da Anunciação. Realizou ainda a sagração da Basílica de Nazaré, a
fundação da Ação Católica, participou da restauração e levantamento da
Congregação do Imaculado Coração de Maria, tornando-se co-fundador, fez
campanha da boa leitura, da recitação do terço e procurou valorizar o
sacrifício da missa.
Todas estas
atividades foram realizadas somente em solo Paraense, ao longo dos 10 anos que
aqui se manteve. Foi um verdadeiro guerreiro da cruz, que a todo custo tentou
minimizar o sofrimento de seu rebanho, que nesse período encontrava-se em
precárias condições de vida.
Foi nomeado
membro da Academia Paraense de Letras, sendo fundador e primeiro ocupante da
cadeira 13 que tinha como patrono Dom Romualdo de Seixas. Sua posse ocorreu em 17
de janeiro de 1937.
![]() |
Em 18/08/1953 com personalidades do Pará e alguns membros da Academia Paraense de Letras |
Publicou: Dom
Macedo Costa (1939), Carta Pastoral (1935), No estuário amazônico: à margem da
visita pastoral (1976), Respigando (1958) e Abraçando a cruz (1982 – Publicação
Póstuma).
Sua obra “No
estuário amazônico: à margem da visita pastoral” foi originalmente editado em 4
volumes, entre os anos de 1932 a 1938, sendo posteriormente condensada pelo
Conselho de Cultura do Pará e reeditada no ano de 1976. Esse trabalho foi o
resultado, de suas minuciosas observações, realizadas no interior do Pará
durante suas visitas pastorais, quanto a linguagem popular, costumes locais,
alimentação, geografia e plantas regionais.
Escreveu ainda
dezenas de cartas pastorais, entre elas uma de combate ao impaludismo, que
acabou sendo adotada como leitura em grupos escolares da cidade de Belém.
Faleceu em
1974, com 88 anos de idade.
Segundo o
Escritor e Médico Vinícius Barros Leal, foi um “homem profundamente de Deus,
que se colocou muito além de um religioso comum, com seu comportamento
fundamentado na ética, decidido no caminho do bem, repleto de serenidade e
equilíbrio, bondade e disciplina, nunca perdendo um só minuto do seu precioso
tempo”
Desde 1993 existe
um processo para a canonização, aberto pela Arquidiocese de Fortaleza.
Será que em
poucos anos estaremos diante de um Imortal da APL santo?
Frases de Dom Antônio Lustosa:
“Não é só de pão, mas é também de pão que vive o homem”.
“Na hora da provação apura-se-nos o sentimento da gratidão. E urge
conosco o dever de significar aos que nos estendem a mão quanto nos penhorou o
conforto quem, na hora amarga, nos dispensaram”
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