segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Coisas que não mudam.

Desde que o mundo é mundo existem os espertos e os que se aproveitam da Fé alheia... A ingenuidade de uns é o ganha pão de outros!

"Irmãos pedintes pra... pagodeiras

A policia não terá meios para reprimir a audácia de trez gatunos que de casso verde em punho e um caderno de papel, onde exigem a assignatura da devota, andam a pedir, pelos arrabaldes, para uma certa irmandade ou uma tal santa?

Um dos malandros é um fuão Guimarães: ex-operário, ex-taverneiro, ex-marchante, ultimamente na rua do Espírito Santo."
(A Voz do Caixeiro – 23 de março de 1890)

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

O Misterioso Caso da Maquina Explosiva Infernal


A Belém do século XIX era repleta de mistérios e de acontecimentos estranhos, e o caso da maquina infernal foi mais um deles.

No ano de 1874 a paz e a tranqüilidade da capital da província foram abaladas pelo misterioso aparecimento de uma maquina explosiva, enviada para o súbdito italiano João Rossi.

O estrangeiro João Rossi era um artista, que depois de percorrer diversos países da América e da Europa veio estabelecer residência na capital da Província do Grão Pará. Ao retornar a capital depois de um período, de ausência, ao qual passou pelo Império, João Rossi foi informado que existia junto ao Vice Cônsul da Itália uma encomenda a sua pessoa, enviada de Maceió, ao qual deveria ser entregue em mãos, seguindo a determinação expressa na própria encomenda.

De acordo com o entregador, a encomenda encontrava-se a mais de 8 meses junto ao Vice Cônsul Francisco da Costa, aguardando a chegada do Sr. Rossi à Capital. Ao receber o artista dirigiu-se a sua residência onde ao abrir o pacote deparou-se com um cilindro de ferro, que percebeu estar sujo de pólvora e reconheceu ser uma Maquina Infernal, entrando em total desespero e terror, com medo de que a maquina explosiva se acionasse. Seguindo a farmácia, fez-se acompanhar ao Chefe de Policia do farmacêutico Francisco de Paula Barreto Junior, para lhe servir de testemunha do acontecido, dando assim inicio a uma investigação.

Após exames e pela própria declaração do artista João Rossi, verificou-se que se tratava de um explosivo, idêntico aos utilizados durante a Comuna de Paris e expostos em exposições mundiais. Este conhecimento desencadeou uma seqüência de especulações, referentes ao envolvimento do Sr João Rossi com membros da Comuna de Paris ou da internacional.

Além da ligação com os membros da comuna, existiram afirmações de que tudo não passava de uma armação do próprio Rossi, para chamar a atenção, uma vez que estava responsável por elaborar as festividades do 1º de março, dia da comemoração do fim da guerra do Paraguai. Essa hipótese foi por terra, quando se analisou o conteúdo da maquina e verificou-se a existência de Cloridrato e Nitrato de Potássio, Pólvora e acido sulfúrico, autenticando assim o explosivo.

Depois de investigações e averiguações, não se conseguiu chegar a uma origem do explosivo, e do remetente, deixando no ar uma questão: Quem gostaria de eliminar o Sr João Rossi? Uma Maquina Infernal que não detonou ao ser aberta... Não matou ninguém... Mais um mistério de Belém do Grão Pará.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Barão de Igarapé-Miry


Antônio Gonçalves Nunes era filho do Capitão José Antônio Nunes e de Gertrudes Rosa da Cunha Ledo, tendo nascido em Belém do Pará em 28 de julho de 1817 e falecido em 21 de novembro de 1898 na mesma cidade.

Perdeu o pai ainda bastante moço, nos conflitos oriundos da Adesão do Pará a Independência do Brasil, tendo sido criado pela mãe. Exercendo a função de guarda entrou em combate por ocasião da capital do Para ser tomada pelos cabanos em 1835, do qual saiu ferido; depois serviu sucessivamente de vogal da junta de justiça militar, para alguns dos cujos julgamentos foi designado relator; na Guarda Nacional foi lhe dada à patente de tenente.

Formado em Direito pela Faculdade de Olinda em 1844, ao regressar ao Pará, ingressou na vida política, onde permaneceu ate seus últimos dias. Foi um dos chefes do Partido Conservador da Província do Grão Pará, juntamente com o cônego Siqueira Mendes, Raimundo José de Almeida, Raimundo Clementino de Castro Valente, Francisco Carlos Mariano e outros.

Foi eleito deputado à Assembléia Provincial em diferentes legislaturas. Nas eleições de maio de 1852 para deputado Provincial, acaba por ficar como primeiro suplente, do mesmo modo que o comendador Domingos Borges Machado Acatauassú, que mais tarde viria a ser seu sogro, sendo porem que este ocupou a 25ª colocação da suplência .

Sua entrada oficial na Assembléia será na legislatura de 1854, que teve sua abertura em 15 de agosto deste mesmo ano. Nesta legislatura serviu de 1° secretario, e função que desempenhou ininterruptamente, com exceção de 1855, ate 1863. No fim do mandato de 1863 retirou-se da Assembléia Legislativa, retornando somente a esta casa no ano de 1868, sendo reeleito em 1869, para em 1870, assumir sua presidência.
Será no ano de seu retorno a Assembléia Legislativa , que ira apresentar, juntamente com João Lourenço Pais de Sousa, uma petição do ex-líder da Cabanagem, Eduardo Nogueira Angelim, para que o Governo o indenize pelo terreno, de sua propriedade, onde se iniciava a construção de um palacete do Governo .

Dr. Nunes ocupara o cargo de presidente consecutivamente por 3 vezes, sendo nas legislaturas de 1869 a 1872. Servindo sempre com dignidade e sobre a admiração de seus pares.

No final de seu mandato de Deputado e Presidente da Câmara, já se encontrava um pouco decepcionado e desiludido com a política, ocorrendo alguns desentendimentos com alguns membros do se partido, o Conservador, e com o próprio Cônego Siqueira Mendes. Mesmo assim se lança candidato para o ano de 1873, saindo novamente vitorioso e sua credibilidade confirmada pelas urnas.

Suas relações com o Cônego começam a se deteriorar, e mesmo sendo do mesmo partido, passa a criticar a política adotada por seu correligionário. No final deste mandato resolve se afastar do partido Conservador e do cenário político, levando consigo seu prestigio, estima e respeito. Seu exílio, voluntário da Câmara, será, desta vez de 9 anos.

Durante seu afastamento da Assembléia Legislativa foi presidente da Comissão de Colonização Estrangeira, e como tal teve também a seu cargo o alojamento e acomodação dos retirantes cearenses, no decurso da crise ultimamente ocasionada pela seca na província do Ceará, e a aplicação ou execução dos socorros públicos.

É condecorado com o oficialato da Imperial Ordem da Rosa, que lhe foi dado em carta de 12 de julho de 1876, por ocasião dos serviços que prestou a colonização estrangeira e o titulo Barão de Igarapé-Mirim, pelo mesmo motivo por decreto de 3 de março de 1883.

Mesmo estando a desempenhar outras atividades e seus negócios, não conseguiu manter-se afastado muito tempo da política e com a aproximações das eleições para a assembléia, referentes ao ano legislativo de 1882, e o visível enfraquecimento do partido conservador, muitos elementos deste partido, resolveram solicitar o retorno do Dr. Nunes, e sua candidatura. Apesar de suas negativas e de sua vontade de permanecer fora do cenário político, será eleito, mostrando que nem o tempo foi capaz de apagar, na memória do povo o seu valor .

Ocorreu que o seu retorno não foi como esperava. Rapidamente, impasses começam a surgir entre ele e seus correligionários. A presidência da assembléia será ocupada, pelo cônego Siqueira Mendes, responsável pela desilusão de Nunes há 9 anos. Novamente insatisfeito com o andar da política, resolve tomar uma medida de imparcialidade e de não comparecimento as seções da Assembléia, que lhe renderá duras criticas.

Neste mesmo ano, a reputação de seu genro será gravemente abalada, e ameaçada, ocorrendo por parte dos inimigos de seu genro, citações e insinuações sobre a conduta de Nunes, quanto a sua honestidade e a origem de sua vasta fortuna. Mas mesmo assim sua imagem pública não foi abalada e encarando o eleitorado, volta a ser reeleito consecutivamente por mais 5 vezes .

Em sua ultima legislatura, já encontrasse com a avançada idade de 70 anos. Com a Proclamação da República vai se filiar ao Partido Democrata, porem nunca mais será visto a desempenhar funções legislativas.

A idade já não lhe permite realizar todas as atividades de outrora, mas mesmo assim no ano de 1897, prestes a completar 80, vai ser chamado por seu partido para concorrer como vice-governador, na chapa de oposição à José Paes de Carvalho. Foi uma derrota esmagadora, foram somente 2.045 votos, frente aos 21.367 de Antônio Nicolau Monteiro Baena. Eram outros tempos, outros, homens.. um novo século estava por vir e 50 anos já haviam se passado, desde que pela primeiro vez, o velho Barão tinha adentrado nos palácios do Governo.

Concomitantemente ao político existia o educador, Antonio Gonçalves Nunes era fissurado pelas letras e muito criticado pelo seu vocabulário erudito. Serviu o lugar de diretor da Instrução Pública da Província, o de membro do conselho diretivo da mesma instituição, o de presidente das mesas de exame de Retórica, Filosofia, Francês e Português. Irá se aposentar no exercício destas funções.

No ano de 1846 vai participar, juntamente com outros intelectuais da Província, da Fundação da Sociedade Phylomatica Paraense, esta sociedade tinha por finalidade o progresso das Belas Letras, da arqueologia, da história e da geografia da província. Esta mesma sociedade vai dar origem a um jornal que teve sua primeira edição impressa a 30 de setembro de 1846, e no qual Antonio foi fiel colaborador, deixando para posteridade diversos artigos.

Juntamente com o Visconde de Nazaré, o Barão de Muaná, e o presidente da província, o Visconde de Maracaju, apoiou e tentou arrecadar recursos para os experimentos, dos balões, de Júlio César Ribeiro de Sousa.

Escreveu durante algum tempo na imprensa, expondo sobre as vantagens que podem auferir do cuidado e desenvolvimento da agricultura, que considerava como uma das fontes da riqueza publica. É o autor da obra “O cônego Manoel José de Siqueira Mendes e as ruínas do Pará”, publicado pela Typ. Commercio do Pará, em 1875.

Casado com Rita Gonçalves Acatauassú , filha do Comendador Domingos Borges Machado Acatauassú e de Dona Ana Teresa Gonçalves Acatauassú; com quem teve 3 filhos: Antônio Acatauassú Nunes, Rita Acatauassú Nunes Bezerra, casada com Demétrio Bezerra da Rocha Morais, e Domingos Marcellino Acatauassú Nunes.

As Horas


Festa "As Horas"... Tradicional da Sociedade Paraense no Inicio do Seculo XX.
Foto no palacete do Dr. Antonio Acatauassú Nunes