segunda-feira, 7 de junho de 2010

A IGREJA E A FESTA DA SANTÍSSIMA TRINDADE


As origens da Igreja da Santíssima Trindade em Belém remontam aos primórdios do século XIX.

Nas proximidades do que é hoje a Avenida Almirante Tamandaré, residia um português de nome José Antônio Abranches, que através de seu trabalho e dedicação conseguiu construir uma pequena fortuna. Este súbdito português era devoto da Santíssima Trindade e juntamente com outros elementos da sociedade paraense deliberou construir uma igreja para sua devoção, requerendo somente á Câmara municipal o terreno onde seria erguido o templo, pedido este que foi aceito.
José Abranches formou a irmandade da Santíssima Trindade e deu início a construção da igreja no ano de 1802. Mesmo com o seu falecimento as obras não foram suspensas e o novo templo católico no ano de 1813 já se encontrava em fase final de construção, contendo um altar-mór e quatro arcos nas paredes laterais, indicando os lugares onde no futuro deveriam se edificar mais 4 altares. Ocorre porem que somente no ano de 1814 a igreja foi aberta para o culto, no dia consagrado a Santíssima Trindade.
A decoração da igreja ficou a cargo dos seus fieis que mandaram buscar em Lisboa o painel indicativo do orago da igreja e os paramentos e fogos para a solenidade.

Já no ano de 1822, uma das devotas da igreja Dona Maria Simôa, transferiu para um altar próprio a imagem de Nossa Senhora do Rosário do Barreiro, imagem esta que foi conduzida com toda solenidade pelo vigário da igreja de Santana José Joaquim Martins
O numero de fieis era cada vez mais crescente e deste modo no ano de 1840, através de Lei provincial a igreja foi elevada a categoria de Freguesia e recebeu sua inauguração no ano de 1843, sendo seu primeiro vigário o padre Manuel Vasques da Cunha e Pinho, que presenteou a igreja com uma pia batismal que ate hoje pode ser vista.

Mesmo antes de a igreja receber a elevação para freguesia, o seu numero de fieis já era bastante considerável e deste modo sua irmandade elaborava um grande festejo em homenagem a Santíssima Trindade, que consistia em uma procissão, elevação do mastro e novenas e festejos com musica no largo da igreja.
Apesar de se considerar que os festejos iniciaram desde a construção da igreja, a documentação mais antiga e indicação destas comemorações remota ao ano de 1840, uma publicação no jornal 13 de maio.

A festa da SS Trindade é chamada por vários autores o Rei dos Domingos, por causa do grande mistério que é objeto dela, e foi por este grande mistério que nos primórdios da igreja, não existia uma dada especifica para se festejar a SS Trindade, haja vista que, não era conveniente consagrar um só dia a um mistério que lhe interessava louvar e bendizer todos os dias da vida. Somente no século X, depois da insistência de muitos devotos, a igreja concordou com a festa e mesmo assim somente 4 séculos depois o Papa João XXII fixou a data como sendo o primeiro domingo depois de Pentecoste.

Mesmo diante de toda essa importância e da freqüência que estes festejos recebiam, o templo da SS Trindade caiu em ruínas, sendo fechado no ano de 1894 e passando a funcionar a paróquia na Igreja do Rosário dos Homens pretos. Nesse mesmo ano, no dia 14 de outubro, foi colocada a primeira pedra da capela-mór pelo monsenhor José Gregório Coelho, porem coube ao padre Miguel Inácio iniciar os trabalhos de restauração da igreja.

Mesmo com o fechamento da Igreja, as comemorações continuaram a ser executadas e realizadas no largo da Igreja.
Somente no ano de 1842, foi a Igreja da Santíssima Trindade reaberta ao culto, tendo dado a benção solene ao templo e as imagens monsenhor Antonio Cunha, sendo a primeira missa, depois da inauguração celebrada pela alma do senador Cipriano Cunha.
Uma igreja e um festejo que apesar dos percalços, sempre esteve no coração dos paraenses.