sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Coisas que não mudam.

Desde que o mundo é mundo existem os espertos e os que se aproveitam da Fé alheia... A ingenuidade de uns é o ganha pão de outros!

"Irmãos pedintes pra... pagodeiras

A policia não terá meios para reprimir a audácia de trez gatunos que de casso verde em punho e um caderno de papel, onde exigem a assignatura da devota, andam a pedir, pelos arrabaldes, para uma certa irmandade ou uma tal santa?

Um dos malandros é um fuão Guimarães: ex-operário, ex-taverneiro, ex-marchante, ultimamente na rua do Espírito Santo."
(A Voz do Caixeiro – 23 de março de 1890)

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

O Misterioso Caso da Maquina Explosiva Infernal


A Belém do século XIX era repleta de mistérios e de acontecimentos estranhos, e o caso da maquina infernal foi mais um deles.

No ano de 1874 a paz e a tranqüilidade da capital da província foram abaladas pelo misterioso aparecimento de uma maquina explosiva, enviada para o súbdito italiano João Rossi.

O estrangeiro João Rossi era um artista, que depois de percorrer diversos países da América e da Europa veio estabelecer residência na capital da Província do Grão Pará. Ao retornar a capital depois de um período, de ausência, ao qual passou pelo Império, João Rossi foi informado que existia junto ao Vice Cônsul da Itália uma encomenda a sua pessoa, enviada de Maceió, ao qual deveria ser entregue em mãos, seguindo a determinação expressa na própria encomenda.

De acordo com o entregador, a encomenda encontrava-se a mais de 8 meses junto ao Vice Cônsul Francisco da Costa, aguardando a chegada do Sr. Rossi à Capital. Ao receber o artista dirigiu-se a sua residência onde ao abrir o pacote deparou-se com um cilindro de ferro, que percebeu estar sujo de pólvora e reconheceu ser uma Maquina Infernal, entrando em total desespero e terror, com medo de que a maquina explosiva se acionasse. Seguindo a farmácia, fez-se acompanhar ao Chefe de Policia do farmacêutico Francisco de Paula Barreto Junior, para lhe servir de testemunha do acontecido, dando assim inicio a uma investigação.

Após exames e pela própria declaração do artista João Rossi, verificou-se que se tratava de um explosivo, idêntico aos utilizados durante a Comuna de Paris e expostos em exposições mundiais. Este conhecimento desencadeou uma seqüência de especulações, referentes ao envolvimento do Sr João Rossi com membros da Comuna de Paris ou da internacional.

Além da ligação com os membros da comuna, existiram afirmações de que tudo não passava de uma armação do próprio Rossi, para chamar a atenção, uma vez que estava responsável por elaborar as festividades do 1º de março, dia da comemoração do fim da guerra do Paraguai. Essa hipótese foi por terra, quando se analisou o conteúdo da maquina e verificou-se a existência de Cloridrato e Nitrato de Potássio, Pólvora e acido sulfúrico, autenticando assim o explosivo.

Depois de investigações e averiguações, não se conseguiu chegar a uma origem do explosivo, e do remetente, deixando no ar uma questão: Quem gostaria de eliminar o Sr João Rossi? Uma Maquina Infernal que não detonou ao ser aberta... Não matou ninguém... Mais um mistério de Belém do Grão Pará.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Barão de Igarapé-Miry


Antônio Gonçalves Nunes era filho do Capitão José Antônio Nunes e de Gertrudes Rosa da Cunha Ledo, tendo nascido em Belém do Pará em 28 de julho de 1817 e falecido em 21 de novembro de 1898 na mesma cidade.

Perdeu o pai ainda bastante moço, nos conflitos oriundos da Adesão do Pará a Independência do Brasil, tendo sido criado pela mãe. Exercendo a função de guarda entrou em combate por ocasião da capital do Para ser tomada pelos cabanos em 1835, do qual saiu ferido; depois serviu sucessivamente de vogal da junta de justiça militar, para alguns dos cujos julgamentos foi designado relator; na Guarda Nacional foi lhe dada à patente de tenente.

Formado em Direito pela Faculdade de Olinda em 1844, ao regressar ao Pará, ingressou na vida política, onde permaneceu ate seus últimos dias. Foi um dos chefes do Partido Conservador da Província do Grão Pará, juntamente com o cônego Siqueira Mendes, Raimundo José de Almeida, Raimundo Clementino de Castro Valente, Francisco Carlos Mariano e outros.

Foi eleito deputado à Assembléia Provincial em diferentes legislaturas. Nas eleições de maio de 1852 para deputado Provincial, acaba por ficar como primeiro suplente, do mesmo modo que o comendador Domingos Borges Machado Acatauassú, que mais tarde viria a ser seu sogro, sendo porem que este ocupou a 25ª colocação da suplência .

Sua entrada oficial na Assembléia será na legislatura de 1854, que teve sua abertura em 15 de agosto deste mesmo ano. Nesta legislatura serviu de 1° secretario, e função que desempenhou ininterruptamente, com exceção de 1855, ate 1863. No fim do mandato de 1863 retirou-se da Assembléia Legislativa, retornando somente a esta casa no ano de 1868, sendo reeleito em 1869, para em 1870, assumir sua presidência.
Será no ano de seu retorno a Assembléia Legislativa , que ira apresentar, juntamente com João Lourenço Pais de Sousa, uma petição do ex-líder da Cabanagem, Eduardo Nogueira Angelim, para que o Governo o indenize pelo terreno, de sua propriedade, onde se iniciava a construção de um palacete do Governo .

Dr. Nunes ocupara o cargo de presidente consecutivamente por 3 vezes, sendo nas legislaturas de 1869 a 1872. Servindo sempre com dignidade e sobre a admiração de seus pares.

No final de seu mandato de Deputado e Presidente da Câmara, já se encontrava um pouco decepcionado e desiludido com a política, ocorrendo alguns desentendimentos com alguns membros do se partido, o Conservador, e com o próprio Cônego Siqueira Mendes. Mesmo assim se lança candidato para o ano de 1873, saindo novamente vitorioso e sua credibilidade confirmada pelas urnas.

Suas relações com o Cônego começam a se deteriorar, e mesmo sendo do mesmo partido, passa a criticar a política adotada por seu correligionário. No final deste mandato resolve se afastar do partido Conservador e do cenário político, levando consigo seu prestigio, estima e respeito. Seu exílio, voluntário da Câmara, será, desta vez de 9 anos.

Durante seu afastamento da Assembléia Legislativa foi presidente da Comissão de Colonização Estrangeira, e como tal teve também a seu cargo o alojamento e acomodação dos retirantes cearenses, no decurso da crise ultimamente ocasionada pela seca na província do Ceará, e a aplicação ou execução dos socorros públicos.

É condecorado com o oficialato da Imperial Ordem da Rosa, que lhe foi dado em carta de 12 de julho de 1876, por ocasião dos serviços que prestou a colonização estrangeira e o titulo Barão de Igarapé-Mirim, pelo mesmo motivo por decreto de 3 de março de 1883.

Mesmo estando a desempenhar outras atividades e seus negócios, não conseguiu manter-se afastado muito tempo da política e com a aproximações das eleições para a assembléia, referentes ao ano legislativo de 1882, e o visível enfraquecimento do partido conservador, muitos elementos deste partido, resolveram solicitar o retorno do Dr. Nunes, e sua candidatura. Apesar de suas negativas e de sua vontade de permanecer fora do cenário político, será eleito, mostrando que nem o tempo foi capaz de apagar, na memória do povo o seu valor .

Ocorreu que o seu retorno não foi como esperava. Rapidamente, impasses começam a surgir entre ele e seus correligionários. A presidência da assembléia será ocupada, pelo cônego Siqueira Mendes, responsável pela desilusão de Nunes há 9 anos. Novamente insatisfeito com o andar da política, resolve tomar uma medida de imparcialidade e de não comparecimento as seções da Assembléia, que lhe renderá duras criticas.

Neste mesmo ano, a reputação de seu genro será gravemente abalada, e ameaçada, ocorrendo por parte dos inimigos de seu genro, citações e insinuações sobre a conduta de Nunes, quanto a sua honestidade e a origem de sua vasta fortuna. Mas mesmo assim sua imagem pública não foi abalada e encarando o eleitorado, volta a ser reeleito consecutivamente por mais 5 vezes .

Em sua ultima legislatura, já encontrasse com a avançada idade de 70 anos. Com a Proclamação da República vai se filiar ao Partido Democrata, porem nunca mais será visto a desempenhar funções legislativas.

A idade já não lhe permite realizar todas as atividades de outrora, mas mesmo assim no ano de 1897, prestes a completar 80, vai ser chamado por seu partido para concorrer como vice-governador, na chapa de oposição à José Paes de Carvalho. Foi uma derrota esmagadora, foram somente 2.045 votos, frente aos 21.367 de Antônio Nicolau Monteiro Baena. Eram outros tempos, outros, homens.. um novo século estava por vir e 50 anos já haviam se passado, desde que pela primeiro vez, o velho Barão tinha adentrado nos palácios do Governo.

Concomitantemente ao político existia o educador, Antonio Gonçalves Nunes era fissurado pelas letras e muito criticado pelo seu vocabulário erudito. Serviu o lugar de diretor da Instrução Pública da Província, o de membro do conselho diretivo da mesma instituição, o de presidente das mesas de exame de Retórica, Filosofia, Francês e Português. Irá se aposentar no exercício destas funções.

No ano de 1846 vai participar, juntamente com outros intelectuais da Província, da Fundação da Sociedade Phylomatica Paraense, esta sociedade tinha por finalidade o progresso das Belas Letras, da arqueologia, da história e da geografia da província. Esta mesma sociedade vai dar origem a um jornal que teve sua primeira edição impressa a 30 de setembro de 1846, e no qual Antonio foi fiel colaborador, deixando para posteridade diversos artigos.

Juntamente com o Visconde de Nazaré, o Barão de Muaná, e o presidente da província, o Visconde de Maracaju, apoiou e tentou arrecadar recursos para os experimentos, dos balões, de Júlio César Ribeiro de Sousa.

Escreveu durante algum tempo na imprensa, expondo sobre as vantagens que podem auferir do cuidado e desenvolvimento da agricultura, que considerava como uma das fontes da riqueza publica. É o autor da obra “O cônego Manoel José de Siqueira Mendes e as ruínas do Pará”, publicado pela Typ. Commercio do Pará, em 1875.

Casado com Rita Gonçalves Acatauassú , filha do Comendador Domingos Borges Machado Acatauassú e de Dona Ana Teresa Gonçalves Acatauassú; com quem teve 3 filhos: Antônio Acatauassú Nunes, Rita Acatauassú Nunes Bezerra, casada com Demétrio Bezerra da Rocha Morais, e Domingos Marcellino Acatauassú Nunes.

As Horas


Festa "As Horas"... Tradicional da Sociedade Paraense no Inicio do Seculo XX.
Foto no palacete do Dr. Antonio Acatauassú Nunes

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Retiro Moêma


Localizado hoje na beira da estrada que liga Belém-Castanhal. Pertencia ao senador Antonio Lemos. Suas ruinas ainda podem ser vistas.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Cônego Político ou Político Cônego? - Siqueira Mendes


Manuel José de Siqueira Mendes, nasceu em Cametá em 6 de dezembro de 1825, sendo filho de Francisco José de Siqueira Mendes e Maria do Carmo Brito Mendes.

Seus estudos primários ocorreram em sua cidade natal, passando posteriormente para o seminário de Belém, por influência de Dom Romualdo Coelho, onde recebeu as ordens de presbítero. Será na administração de Dom José Afonso de Morais Torres que será nomeado secretário do bispado e pouco depois cônego da Sé de Belém.

Está intimamente ligado ao magistério, onde desempenhou as funções de lente de Teologia e Moral do Seminário e de latim no Liceu Paraense, neste último aposentou-se em 21 de abril de 1871. Juntamente com Antônio Gonçalves Nunes e outros, realizou a fundação do Colégio Santa Cruz em Belém, que mais tarde passou a chamar-se Colégio Paraense. Em sua terra natal, fundou outra instituição de educação, também chamada de Colégio de Santa Cruz.

Amado por muitos, odiado por outros, o Cônego Siqueira Mendes, era um homem energético, alimentado por ideais que muitas vezes não foram compreendidos por seus pares. Iniciou sua vida política junto ao partido liberal, mas rapidamente passou para o conservador, onde em pequeno espaço de tempo, impulsionado por seus ideais e sagacidade, passa a desempenhar papel de destaque, tornado-se a partir da década de 70, um de seus indiscutíveis chefes. Uma década depois era chamado de o chefe único do partido conservador do Pará.

Por diversas vezes foi eleito para a Assembléia Provincial, onde em alguns mandatos, desempenhou a função de presidente da casa. As disputas entre liberais e conservadores, sempre marcaram a política paraense, chegando-se a afirmar que dentro da província não existiam partidos políticos, mas sim interesses pessoais alimentados pelas presidências. Eram verdadeiras brigas pessoais, onde todos eram atacados tanto no âmbito público como privado.

O cônego em nenhum momento esteve distante deste tipo de política regional, sofrendo freqüentes ataques de seus opositores e no início da década de 70, tendo que enfrentar uma cisão dentro de seu partido, o que levou a criação de uma sociedade opositora a sua liderança e ao nascimento do partido Católico, liderado por Dr. Pinheiro e o futuro Barão de Igarapé Miry.

Esteve na capital do império, por 4 vezes a ocupar uma das cadeiras da Deputação Geral, onde brigou energeticamente por políticas e medidas que visavam o engrandecimento da província que representava.

Foi nomeado vice-presidente da província do Pará e deste modo foi chamado, algumas vezes para desempenhar o exercício da presidência. Em todos os momentos foi amplamente atacado e suas políticas contestadas por muitos. Não se esquivava de enfrentar seus opositores e de defender seus ideais, mesmo que para isso fosse necessário enfrentar a própria população da província.

Nos finais da década de 60, teve que enfrentar o movimento dos liberais, em 72, declarou guerra aberta ao então presidente da província Abel Graça e ao presidente da Assembléia Provincial, e nos primórdio da década de 80, durante a sua presidência na câmara, teve que enfrentar armadamente o levante popular contra as resoluções votadas na assembléia.

Seu nacionalismo exacerbado, também lhe rendeu duras criticas, uma vez que foi, ferrenho defensor do fim do monopólio do comércio por estrangeiros, e assim seu nacionalismo foi confundido com xenofobia.

Ocupou, o Sr. Cônego Siqueira, eminete posição no Brasil, sendo senador representante da terra que lhe foi berço. Por 3 vezes tinha feito parte da lista tríplice para ocupar uma das cadeiras vitalícias do senado, porem mesmo sendo o mais votado de todas elas, sofreu o dissabor de não ser escolhido pelo imperador, em favor de homens de menor prestigio. Somente em 1886 recebera o tão merecido reconhecimento e será elevado ao nível dos mais altos políticos do império, onde se manteve até a proclamação da república.

Com a proclamação da Republica, o chefe único do partido conservador no Pará, declarou a extinção do partido do trono e do altar e a incorporação de seus membros nos novos partidos políticos, como o democrata e o republicano, para assim engrossar as fileiras do novo regime e facilitar a transição. Para muitos foi o último e maior erro que cometeu em sua vida política.

Inconformado com o andar da política e dos negócios públicos, ainda tentou organizar o partido nacional, e criou um órgão na imprensa, visando divulgar sua contestação e organizar a oposição, porém o peso da vida lhe tolheu os anseios.

Jamais curvou-se ante homem algum, mas o peso dos anos e a vida conturbada, lhe renderam uma grave moléstia, que acarretou na sua retirada da vida publica e a busca de melhores ares na província do Ceará. Foi na Capital desta província e afastado da terra que lhe ofereceu berço, que veio a falecer em 6 de março de 1892, um dos maiores vultos paraense.

Durante toda sua vida política, péssimo juízo foi traçado a seu respeito e a sua honestidade, porem tudo isso foi ultrapassado, quando se verificou o estado de miséria em que encontrava-se no momento de sua morte, estando desprovido de bens materiais e desapegado como sempre o foi.

Foi um homem trabalhador, batalhador vitorioso, exemplo de constancia e afervo a disciplina, que teve uma vida tumultuada e muitas vezes fruto de polemicas. As opiniões e apreso a sua figura, não são unânimes, porém a historia de nossa política e sociedade, reserva-lhe lugar honroso em suas paginas.

Foi deputado provincial, deputado geral, vice-presidente de província e senador do Império do Brasil de 1886 a 1889.

Antonio Acatauassú Nunes


Antonio Acatauassú Nunes, nasceu na cidade de Belém, em 31 de Março de 1861, sendo o filho primogênito do dr. Antonio Gonçalves Nunes e de Rita Gonçalves Acatauassú, que posteriormente receberam o titulo de nobreza de Barão e Baronesa de Igarapé-Mirim.

Na cidade de Belém, executou seus estudos primarias e secundários, sobre a orientação de seu pai. E quando no momento de escolher a carreira que iria seguir, optou pela mesma do genitor, a advocacia. Com esse intuito matriculou-se na Faculdade de Direito de Recife onde se graduou em Direito, no ano de 1882, mesma turma em que se formou o jurista Clóvis Beviláqua.

Ao retornar para Belém, ingressou na magistratura, desempenhando a função de juiz substituto, sendo posteriormente nomeado para a função de Juiz Federal do Pará, onde se manteve até a aposentadoria.

Contraiu núpcias com Laura Rodrigues Campos, sua prima e filha do engenheiro Antonio Joaquim de Oliveira Campos. O casal teve diversos filhos, entre eles o Dr. Antonio Acatauassú Nunes Filho, prestigiado medico e professor catedrático da Faculdade de Medicina do Pará, Laura Campos Acatauassú Nunes, Candida Acatauassú Nunes, Raul Acatauassú Nunes, Genaro Acatauassú Nunes e Paulo Acatauassú Nunes

Exerceu a função de Procurador Geral do Estado e junto ao Colégio Paes de Carvalho, foi representante do governo federal como delegado.

No ano de 1901, juntamente com outros bacharéis de direito e membros do poder judiciário do Pará, fundou o Instituto Teixeira de Freitas, órgão responsável a tomar as medidas no sentido de realizar a fundação da Escola Livre de Direito. Em 31 de março de 1902, foi oficialmente instalada a Faculdade Livre de Direito. Nesta instituição era professor catedrático de Direito Comercial, sendo ainda seu primeiro Diretor.

Em 1908, estava no poder o governador Augusto Montenegro, que se encontrava em conflitos com o seu partido, liderado por Lemos. O Dr. Antonio Acatauassú Nunes, filiado ao partido e amigo intimo de Antonio Lemos, acreditava que seria indicado para a sucessão governamental, uma vez que também mantinha estreitos laços de amizade com o atual governador. Em agosto uma lista tríplice foi apresentada, sendo o Dr. Acatauassú Nunes o primeiro da lista, porém a escolha de Montenegro recaiu sobre João Coelho, o que levou com que o Antonio Acatauassú Nunes, cortasse relações com ambos.

Posteriormente ao incidente da sucessão Antonio Acatauassú Nunes, foi eleito, duas vezes, consecutivas, senador estadual.

Em 30 de julho de 1927, Antonio Acatauassú Nunes faleceu no Rio de Janeiro, sendo seus restos mortais transladados para a capital do Estado do Pará e conservados no mausoléu do Barão de Igarapé Mirim, no cemitério da Soledade.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Assembléia Provincial de 1850

Normalmente, em minhas pesquisas, utilizo constantemente a obra de Ernesto Cruz, a História do Poder Legislativo do Pará – 1835/1930. Nesta fascinante obra, são enumerados os membros que fizeram parte, do poder legislativo no Pará, havendo raras ausências, fruto da inexistência de fontes. Uma destas lacunas, diz respeito ao ano de 1850, ao qual resolvi preencher.

O Periódico que ficou responsável neste ano pela publicação das atas da Assembléia Provincial, foi o Planeta, ao qual encontrei alguns exemplares na Biblioteca do Grêmio Literário e Recreativo Português. No dia 2 de maio era publicada a apuração geral dos votos, e assim ficava constituída a casa Legislativa:

1. Dr. José Joaquim de Pimenta Magalhães
2. Dr. João Maria de Moraes
3. João José de Deos e Silva
4. Manoel Roque Jorge Ribeiro
5. Joaquim Marianno de Lemos
6. Pedro Miguel de Moraes Bittencourt
7. Andre Corsino Benjamin
8. Dr. Manoel Gomes Correa de Miranda
9. Dr. Joaquim Fructuoso Pereira Guimarães
10. Dr. Ambrozio Leitão da Cunha
11. Dr. João Baptista Gonçalves Campos
12. Dr. José da Gama Malcher
13. Antonio Agostinho de Andrade Figueira
14. João Wilkens de Mattos
15. João Diogo Clemente Malcher
16. José Coelho da Motta
17. José Joaquim da Gama e Silva
18. Padre Victorio Procopio Serrão do Espírito Santo
19. José Estevão Ferreira Guimarães
20. Antonio Ricardo de Carvalho Penna
21. Bispo Diocesano D. José
22. Chantre Raimundo Severino de Mattos
23. José Pinto de Araujo
24. Domingos Borges Machado Acatauassú
25. João Augusto Correa
26. Manoel Thomaz Pinto
27. Conego Eugenio de Oliveira Pantoja
28. Joaquim José da Silva Meirelles

Suplentes:

1. José do O’ de Almeida
2. Manoel Lourenço de Souza
3. João Lourenço de Souza
4. Dr. João Antonio Alves
5. Francisco Pedro Gurjão
6. Aniceto Clemente Malcher
7. Manoel Fernandes Ribeiro
8. Dr. Augusto Thiago Pinto

Na própria sessão preparatória, que ocorreu a 30 de setembro de 1850, a listagem já possuía alteração, o primeiro suplente já encontrava-se entre os deputados, ocupando o lugar pertencente a João José de Deus e Silva, que havia falecido antes do inicio das reuniões da Assembléia.

Nesta mesma sessão foram eleitos para presidir e secretariar a casa:

Dr. João Maria de Moraes – presidente
Andre Cursino Benjamin – 1º secretario.
João Diogo Clemente Malcher – 2º secretario.

No percurso das sessões foram sendo substituídos os seguintes deputados eleitos: o Dr. José Joaquim de Pimenta Magalhães, uma vez que encontrava-se ausente da província, o Bispo Diocesano D. José , que encontrava-se em visita pastoral, o Dr. João Baptista Gonçalves Campos e Padre Victorio Procopio Serrão do Espírito Santo, por questões meramente políticas, e os cidadãos Joaquim José da Silva Meirelles, José Pinto de Araujo e Manoel Thomaz Pinto, por não comparecerem as sessões.

Em substituição passaram a ocupar as cadeiras da assembléia, Manoel Lourenço de Souza, João Lourenço de Souza, Manoel Fernandes Ribeiro e Dr. Augusto Thiago Pinto e Aniceto Clemente Malcher.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Eleições Provinciais

Qualquer coincidência com os dias atuais....

“Teve lugar no dia 18 p.p a eleição para deputados provinciais, e, no collegio desta capital, foi ella bem trabalhosa para os candidatos.

Tudo empregarão os pretendentes para obter bons resultados; pedidos, empenhos, promessas, ameaças, enganos e intrigas, nada lhes escapou; todos os meios por mais infames que fossem, erão empregados por alguns para obter votos para si, e exclusão de outros candidatos.

Dizem também que S. Exc. o Senr. Presidente da província Dr. Fausto Augusto de Aguiar, menosprezando a dignidade do lugar emminete que ocupa, commetteo a baixeza de pedir a alguns eleitores para não votarem em alguns candidatos.

Custa-nos a crer, que somente pelo receio da opposição que na Assembleia Provincial lhe podessem fazer alguns poucos indivíduos, S. Exc. a tanto se aviltasse, e por conseguinte estamos convencidos, que se tal procedimento teve o Exm. Senr. Presidente (o que ainda duvidamos) foi para satisfazer exigências dessa camarilha,q eu o rodeia, que se gaba de presidir a todos os actos da Administração e de obter tudo quanto quer...”
( O velho Brado do Amazonas, 10 de maio de 1852)

É a mais pura das realidades.

Brasil, Brasil!! Mais de 150 anos e continuas o mesmo? Querer ser tradicional é aceitável, mas tem certas atitudes que se deve modificar... Supera Brasil !

sábado, 11 de abril de 2009

Judas e Cristo















(Revista Novo Mundo 23 de abril de 1872)

Sabbado d'Aleluia

“O Sabbado d’ Aleluia não fez differença dos outros sabbados, se não pelo estridor dos foguetes, e repique dos sinos. Foi huma boa medida aquella da prohibição dos taes Judas, porque esse divertimento trasia comsigo funestas conseqüências, quando menos a da tardança dos muleques que ião fazer compras, e se entretinhão no bates caió ate que horas, sentindo os seus srs essa tardança, e os muleques muitas vezes serem recompensados com algumas dusiasinhas de bolos.”(Publicador Paraense 2 de abril de 1853)

quarta-feira, 8 de abril de 2009

"Ultimas Modas de Vestuarios de Senhoras"


Meados da década de 70 do século XIX (Novo Mundo/23/set/1874)

Um Brado dos Escravocratas

A 4 de setembro de 1850, foi aprovada a lei Eusébio de Queirós, que legalmente dava fim ao tráfico de escravos. Se de imediato esta lei não trouxe profundas transformações em algumas regiões, haja visto, ter ocorrido um aumento do trafico ilegal e um tráfico interno, outras em pouco tempo sentiram a diminuição da mão de obra agrícola e prejuízos latentes em suas economias. A Província do Pará encontrava-se entre estas ultimas.

Menos de um ano depois os periódicos da província já manifestavam sua indignação ante a situação em que se encontravam as lavouras do Pará. Na realidade a questão da crise da produção agrícola no Pará não era tão somente resultante da minguada mãos de obra e do fim do tráfico de escravos, era uma questão estrutural, mas que na mentalidade de muitos, era acentuada pela escassez de trabalhadores.

O problema passou a ser como conservar os escravos ainda existentes, devido ao fato da crescente fuga e formação de quilombos.

...quando em fim mais se disima nesta província a gente do serviço rural, pela constante fuga de escravos, apadrinhada pelo desleixo das authoridades a respeito dos quilombos, a proteção mesmo de algumas... importa que o escriptor publico alce hum brado,e brado bem forte a favor da classe agrícola e proprietária; e reclame dos poderes do paiz a devida proteção, e necessárias providencias...”(Velho Brado do Amazonas, 17 de junho de 1851)

Os quilombos eram uma realidade e se disseminavam rapidamente pela província, do mesmo modo que no restante do país, e mais do de nunca criavam um desconforto em determinados setores da sociedade. Se antes estas comunidades encontravam-se fincadas nas, mas remotas matas da província, em 1850 estavam mesmo às portas da capital.

A província era uma sociedade em transformação, onde alguns não conseguiam aceitar as mudanças, ainda mais referentes aos negros. Centenas de reclamações a cerca da liberdade e comportamento, dos cativos, eram contestadas, e responsáveis pela indignação dos setores mais tradicionais.

“...a fuga de escravos continua em grande escala; os quilombos tem emissarios nas cidades, os escravos tranzitão com a maior liberdade a deshoras pelas ruas da própria Capital, sem bilhete o guia de seus Senhores; frequentão batuques nocturnos; possuem cazas alugadas por sua conta, e isto em contravenção de leys em vigor...”(Idem)

Ante tudo isso, os fazendeiros clamavam por providencias por parte das autoridades, ainda mais quando se verificava a existência de um fluxo comercial entre os quilombos e a capital da província. Os aquilombados costumavam aportar no porto do Sal, onde vendiam lenha, carvão, frutas e compravam o que necessitavam, chegando mesmo a adquirir pólvora e armas.

“...tudo isso o povo sabe; e a policia? Tudo tem ignorado! Ou a tudo tem feixado os olhos!...Cremos porém que teremos remédios, porque os clamores de vários lavradores e proprietários já tem chegado á os ouvidos da Prezidencia, e da Chefatura da Policia...”(Idem)

Era o brado de uma sociedade declinante que parecia não saber viver sem a infâmia da escravidão.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Gavião na Gaiola – O Regresso do Cabano

Em uma das postagens anteriores, falei sobre Eduardo Angelim, e citei a prisão de seu irmão Geraldo Francisco Nogueira Gavião, agora venho descrever um pouco deste outro cabano nas palavras de seus conterrâneos.

“...foi prezo na Ilha das Onças, o facínora Geraldo Francisco Nogueira Gavião. Quem teve o infortúnio de prezenciar nesta cidade os acontecimentos dos annos de 1835 e 1836, conhecerá de perto a quanto He possível chegar a ferocidade do coração humano: O celebre Gavião alem da notoriedade de suas malvadezas, commetteo entre outros assassinatos, o de huma pobre molher branca que foi por elle conduzida desde a rua da Madragôa, até ao portão da estrada de Nazareth, a onde a fuzilara Barbara e cruelmente; foi este mesmo assassino que deo começo ao ensendio das cazas nesta Capital e praticou tantos outros actos so dignos delle mesmo: Este assassino dissemos, que fugira de Pernambuco, para cuja a província foi mandado por hum certo numero de annos, acha-se actualmente prezo na cadeia desta Cidade, e sob a vigilância do nosso digno Chefe de Policia que a despeito de fortes empenhos que já por ahi girão e por figurões de alto cuturno para pô-lo na rua, não se deixará levar por quaesquer que sejão as potencias que vergonhozamente se empenhão a favor de hum tal assassino”( O Velho Brado do Amazonas, 20 de março de 1851)

O artigo, mesmo que carregado de interesses políticos e pessoais, ainda demonstra em suas linhas mais o temor da população por novos conflitos do que o ódio em relação ao ex-chefe cabano.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Desembargador Antonio Bezerra da Rocha Moraes


Nasceu em Bragança, sendo filho de Francisco Bezerra da Rocha Moraes e D. Leonarda Maria da Conceição Bezerra . Fez seus estudos secundários na capital da Província. Posteriormente embarcou para Recife onde cursou a faculdade de Direito, titulando-se Bacharel em 1871. Neste mesmo ano retorna ao Pará, onde vai assumir a promotoria publica da capital, por ato de 19 de dezembro.

No desempenho de sua função na promotoria, foi designado em 31 de julho de 1873, para desempenhar a função de juiz municipal de Soure. Vai ser nomeado em 6 de junho de 1874, com posse no dia 22 do mês seguinte, para desempenhar a função de juiz municipal em Belém.

Era conhecido por seu temperamento forte, estando desde muito novo envolvido em conflitos pessoais, tendo entrado em desentendimento com companheiros de faculdade. A partir de 1878, passa a ser inimigo de seus irmãos Demetrio Bezerra da Rocha Moraes e do coronel Francisco Bezerra de Moraes Rocha. Esse desentendimento ocorreu devido à disputa eleitoral em Soure.Este conflito perdurou por muitos anos, ocorrendo uma verdadeira guerra, onde os órgãos de imprensa de cada partido defendiam um dos lados.

Como chefe do partido conservador de Soure, acaba por entrar em conflito com o chefe do Partido Católico da Villa, o Reverendo J. Esperança. Conflito este que chega, ao confronto físico, no dia 4 de janeiro de 1880 .

O Dr. Antonio Bezerra da Rocha Moraes, exerceu o mandado de deputado geral pela província do Pará, sendo membro do partido conservador.

Foi nomeado juiz em igarapé-mirim, da 1ª entrância, em 23 de agosto de 1886, entrando assim na carreira da magistratura. Vai retornar a Soure, em 22 de agosto de 1890, em 2ª entrância.

Com a proclamação da Republica vai assumir a função, através de nomeação, de 1° presidente do Conselho de Intendência de Soure, se mantendo de 1889/1890.

Exerceu a Chefia de Policia em Belém, por nomeação de 1 de julho de 1898, se mantendo no cargo ate 17 de janeiro de 1899. Foi neste período que estalou o caso Vitoria de Paula de Soure.

Em 19 de junho de 1891, de acordo com o que estava expresso na nova Constituição Estadual, foi baixada a nova organização do judiciário e por decreto de 20 de junho de 1891 o Dr. Antonio passa a ser membro do Tribunal Superior de Justiça, no posto de desembargador, aonde vai manter-se por 10 anos. Retirou-se por motivos de moléstia, no dia 17 de abril de 1901, não tendo mais condições de voltar às atividades judicantes.

Foi delegado do Brasil ao Congresso reunido na “Société Genéral des Prisions” de Bruxelas, em 19 de Abril de 1899. Publicando posteriormente o Trabalho: “Os Systemas Penitenciários”
“Estudo sobre os Systemas Penitenciários”.

Costumava escrever para o jornal “A Folha do Norte”, sobre assuntos de Direito penal.

Juntamente com os irmãos era proprietário de terras no Marajó, no município de Soure. No ano de 1884, buscando a melhoria de seus rebanhos, manda buscar em Holstein (Hamburgo), novilhos de raça, gado este que chega a província a bordo do vapor “Maranhese”

Casou-se com Dona Florisbella, tendo os seguintes filhos: Dario, Antonio, Mario , Malvina , Florisbella, Olympia, Angela, Lucilla e Anna Bezerra.

Viaja por alguns anos pela Europa, buscando melhoria em seu estado de saúde, vindo posteriormente a se estabelecer na capital da Republica. Faleceu em 27 de novembro de 1908, no Rio de Janeiro, sendo embalsamado e seu corpo enviado para Belém, onde foi sepultado em Mausoléu próprio no Cemitério de Santa Isabel.

As Ciências no Pará


Este ilustre homem foi um dos mais importantes cientistas, que viveu no solo paraense. Apesar de nao nascer no Pará, foi aqui que construiu seu nome e desempenhou suas mais importantes atividades cientificas.

Nasceu em 6 de junho de 1818, na província de Minas Gerais, na Villa de Oliveira do Piranga, sendo filho de Antonio Soares Ferreira e de D. Maria Joanna Lopes de Oliveira Penna.

Ferreira Penna vem para a província do Pará, acompanhando o presidente Tenente Coronel Manoel de Frias Vasconcelllos, no ano de 1858, na função de secretario do governo.

Era ligado ao partido liberal, que defendeu e honrou dentro da província tanto pelos cargos públicos que desempenhou como pelas publicações nos órgãos de imprensa.

Quando da posse do Barão de Marajó, como presidente da província do Amazonas (25 de novembro de 1867 – 9 de fevereiro de 1868), o acompanhou, e nesta província pode ter mais contato com a realidade da Amazônia e pode aprofundar seus estudos, que deram origem e serviram de base para algumas de suas obras.

Ao regressar a Belém, passou a desempenhar diversos cargos, como Bibliotecário público, professor de geografia do Liceu Paraense, professor de historia e geografia da Escola Normal e diretor do Museu.

Ocorre que seus trabalhos e pesquisas não receberam todos os méritos devidos em seu tempo, se mantendo sempre em situação financeira precária, só apaziguada com a ajuda que recebia de duas famílias paraenses, a Montenegro e Assis. Faleceu em 6 de janeiro de 1888, de congestão pulmonar, sendo, seu funeral bancado per seus amigos. Sendo sua ultima homenagem, prestada por José Verissimo, á beira de seu tumulo.

Por ordem de Augusto Montenegro, então governador do Estado, foi erigido um monumento em sua homenagem, no museu Goeldi.

Deixou entre suas obras: A Ilha de Marajó, O Tocantins e o Amapá, A região ocidental da Província do Pará, Explorações no Amazonas, Scenas da cabanagem no Tocantins, Índios de Marajó e O Rio Branco.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Cinzas e Sabão

“Dizendo-se hoje na Assemblea Provincial, que as cinzas de certos Religiosos Carmelitas estão no Ceo, desejava saber se isto é verdade, porque no cazo de La poder entrar a matéria como couza etc etc., tenciono muito breve mudar-me d’este mundo de trapaças, e bem pertinho dos Anjos estabelecer uma fabrica de sabão com tantos previlegios quantos as estrellas que então me sirvirao de alcatifa.”( O Velho Brado do Amazonas, 2 de dezembro de 1850)

O contexto deste texto encontra-se na discussão que a pouco havia passado na Assembléia Provincial acerca da separação do Convento do Carmo no Pará, da jurisdição do Convento do Rio de Janeiro, e sua sujeição ao ordinário. Como José do O’ d’Almeida, foi um dos defensores desta separação, esta anedota foi criada para ele, que come era de conhecimento publico, possuía uma grande fabrica de sabonetes na província que recebia muitos benefícios e subsídios da administração.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Toque de Recolher

“Alguns roubos perpetrados nesta cidade mereceram, como era de esperar, toda a solicitude do digno Dr. Chefe de policia, que se não tem poupado a esforços, a bem da segurança da propriedade e do socego domestico dos seos habitantes, tão gravemente perturbados por aquelles que querem viver à custa alheia. Entre as medidas preventivas tomadas nesse intuito, appareceu a de hum signal de recolher dado por três dobres do sino grande da Matriz de S. Anna às dez horas da noite, com o preceito de serem recolhidas ao quartel as pessoas que depois desse signal forem encontradas transitando pelas ruas, salvo sendo pela policia reconhecidas como esentas de toda suspeita, ou que andão fora por motivo urgente.”(O Doutrinário de 17 de dezembro de 1848)

Diante de tanta violência, onde muitas vezes chegamos a acreditar que quem dita as regras da cidade são os bandidos, e não o governo, imagino se não deveríamos voltar a impor o toque de recolher. De muito longe consistiria em um solução, mas ao menos teríamos a ilusão de uma preocupação por parte da força policial com a paz publica.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Antonio Pedro Martins - Um retrato


Organizando algumas das fotografias de familia que tenho em casa, encontrei esta que retrata o Coronel Antonio Pedro Martins com sua familia. Esta foto é datada do inicio do seculo XX. Rico comerciante da praça de Belém e abastado Fazendeiro do Marajó, o Coronel Antonio Pedro Martins foi uma das figuras de destaque da sociedade paraense de seu tempo, deixando prole ilustre. Seu filho, Antonio Pedro Martins Junior (que nesta foto encontra-se ao lado de sua esposa)foi Senador da Republica. Ainda na esfera politica, possui uma neta Sandra Martins Cavalcanti de Albuquerque.

O Retorno de Angelim - Um Fantasma da Cabanagem


Aproximadamente 16 anos já haviam se passado desde que Eduardo Angelim, a frente dos cabanas realizou os levantes populares na província do Pará, pondo a ferro e sangue, o dia a dia da província, mesmo assim a simples menção de seu nome, ainda causava o espanto e o terror de muitos. O seu retorno a província no primeiro semestre de 1851, causou um agitamento a muito não visto na cidade de Belém, haja vista o ódio e receio ainda guardado por muitos moradores da capital provincial em relação a ele.

Os periódicos da época, o definiam com dezenas de epítetos entre eles:

“Angelim 1º Gram- Commendador da Ordem Estranguladora, Lente jubilado nas do roubo – furto – rapina – latrocínio – pilhagem – pirataria – estupro – defluração – violação – incêndio – chamma – fogo – combustão e abrasamento.”

Era Bastante nítido que o período sangrento de 1835-1836, ainda não haviam sido, apagados da memória popular, que o fantasma de Angelim, sempre estaria a pairar sobre a província, mesmo que aos olhos do governo este leão já estivesse domado, pelos anos que passou em Fernando de Noronha.

O terceiro presidente cabano havia sido capturado em 1836 pelo então presidente Francisco José de Sousa Soares de Andréa, sendo remetido a fortaleza da Barra, para posteriormente ser enviado ao Rio de Janeiro. Depois de julgado, Eduardo Angelim recebeu a anistia imperial, porem voltando a envolver-se em questões políticas acabou por ser exilado.

Já em 1840, quando o chefe de policia do Rio de Janeiro enviou, a bordo do Brigue Pavona, o ex-chefe dos Cabanos, Eduardo Angelim, para que o então presidente da Província do Pará Pio do Santos, lhe desse destino, a província ressentiu-se com o temor de um novo levante, que nada mais seria do que o sétimo na lista dos organizados por este revolucionário. A reclamação foi tamanha que em representação do povo foi enviado o juiz de paz Sr. Manoel Fernandes Ribeiro para interceder junto ao presidente e não permitir nem ao menos o desembarque de Angelim no solo paraense. A apelação foi atendida e o revolucionário transferido para a corveta Amazonas e posto para fora da província.

Esse novo retorno e o pavor da população não escaparam aos olhos do restante do império, tendo o jornal do Comercio assim se expressado:

“Cauzaram alguma sensação n’aquella Capital (Pará) a chegada de Eduardo Angelim, que acabou o tempo de degredo na Ilha de Fernando...”

O mesmo periódico da capital do império em 28 de julho, voltou a relatar a indignação da população paraense a cerca do retorno de Angelim:

“...A presença deste homem naquella província tem suscitado grande animosidade em toda a população, que não póde ver diante dos olhos o autor de tantas centenas de victimas que perecerão a ferro frio durante aquella guerra Barbara e fratricida...”

O temor era tanto que, assim que se tomou conhecimento que Angelim encontrava-se novamente em solo paraense e que seu irmão Geraldo, também havia retornado, as terras da província, as autoridades locais baseadas no fato de que, no momento da anistia de Geraldo, o termo que assinou, incluía a de que deveria residir fora da província por 6 ou 9 anos, decretaram sua prisão.

Em uma tentativa de buscar auxilio no caso da prisão de seu irmão, Eduardo Angelim, escreve uma carta para o padre Henrique de Resende, onde pede a sua proteção. Ocorre que não recebe resposta positiva e de acordo com o Correio dos Pobres, ao tomar conhecimento de quem se tratava assim se expressou o padre, a respeito de Angelim:

“...se por ventura a justiça soubesse fazer os seus deveres no Pará, já há muito que teria feito presente ao diabo da cabeça de Eduardo salgada n’um côfo.”

Muitos de seus atos ainda estavam vivos na memória da população e algumas de suas vitimas também, mas mesmo para os que poderiam ter esquecido os acontecimentos sangrentos, alguns periódicos, destacando-se entre eles o Correio dos Pobres, resolveram reavivar a memória popular e passaram a fazer circular impresso em suas paginas, algumas das barbaridades cometidas pelo cabano.

Um destes casos foi o do assassinato do Comandante José Maria Nabuco, que sofreu um tiro a queima roupa, mesmo depois de ter se rendido, pelas mãos do próprio Eduardo Francisco Nogueira Angelim. Sendo que a barbárie foi completada pelo seu irmão Geraldo Francisco Nogueira Gavião, que descarregou um golpe de espada, contra o corpo já inerte do comandante, com o intuito de lhe decepar a cabeça, não alcançando seu intento devido a interferência do mulato Martinho Salazar que desviou o golpe.

Estes relatos seguiram-se de outros, e resultaram em seqüências de correspondências, oriundas das mais diversas partes da província, que nada mais consistiam em aprovações de cidadãos da província em relação à barbárie dos irmãos Angelim.

“... Que uma grossa quadrilha de ladrões com Eduardo á frente se apossou do bairro da Campina no dia 14 de agosto de 1835, assassinou a todos quantos encontrou, roubou, deflorou, incendiou... He um verdadeiro canibalismo de mãos dadas com a sua irman gemia – Insureição!”


Nestes termos foi descrita as atitudes de Angelim por um correspondente de Abaité.

Os ataques a Eduardo Angelim, não paravam de se propagar pela imprensa paraense, tendo seu ápice no dia 14 de agosto do ano de 1851, quando estampando tarja preta, sinônimo de luto, o Correio dos Pobres, decretou aquele dia com o “dia do pranto, luto e horror! Dia do décimo-sexto aniversario desse fatal dia 14 de agosto de 1835, em que uma espantosa chusma de homens elludidos, capitaniados pelo gênio da Discordia representado na pessoa de Eduardo Angelim, invadio de mão armada esta bella Capital, e no coração della abrio a scena da mais horrorosa barbaridade!”

Ocorre que os ataques não eram unilaterais, atrás do periódico Echo Pernambucano, uma voz se levantava para defender o ex líder cabano, e assim se expressava acerca das acusações que se repetiam nos jornais paraenses:

“não poucos corcundas paraenses ligados a uma cúpula de gallegos de Portugal querem por faz ou por nefas enforcar no Pará o nosso amigo Eduardo Francisco Nogueira Angelim, paraense, distincto por suas nobres qualidades, esquecendo uns e outros que elles se prepara um próximo e futuro de luto, e morte.”

O artigo soava aos ouvidos dos opositores de Angelim como uma clara ameaça a integridade dos paraenses e a paz publica. Por um lado, o artigo pernambucano não deixava de ter alguma razão, uma vez que, alguns elementos da sociedade paraense, realmente acreditavam que Angelim deveria ser novamente julgado, por seus crimes que ocorreram anterior ao período estipulado pela anistia, ou seja, o crime cometido contra o comandante José Maria Nabuco, não estava incluído no período de tempo, beneficiado pela anistia.

A base legal que servia de sustentação a estas alegações era de que de acordo com a constituição do Império em seu artigo 101, afirmavam que o Imperador exerce o Poder moderador, e possui como prerrogativa através do § 8 o poder de Perdoando e moderando as penas impostas aos Réos condenados por sentenças. E Eduardo Angelim ainda não havia sido sentenciado por seu crime de 1834.

As tentativas de defender Eduardo Angelim, somente pareciam dar mais lenha para a fogueira que se criava ao seu redor. A tipografia de Justino Henriques da Silva intensifica os ataques e faz publicar em suas paginas, um relação das pessoas mortas em Santarém e seus arredores, ao qual era embutida a ordem de execução ao ex galé de Fernando de Noronha.

O próprio Angelim tentava defender-se, e como mecanismo passou a solicitar um grande numero de volumes do Echo Pernambucano, para circular na capital paraense, visto que, o periódico era-lhe bastante favorável e não deixava de expressar em suas paginas as qualidades e benesses que Angelim poderia exercer sobre a província.

Se algum cidadão da província não recordava mais dos fatos deste período, agora estes eram memória viva. Apesar de não se envolver mais em política de forma direta, pelo período que lhe restou de vida, a simples existência de Eduardo Angelim era uma contestação ao statu quo da política provincial.

quarta-feira, 18 de março de 2009

VILLA DE SOURE - 1874

Um retrato da cidade de Soure,na decada de 70 do seculo XIX
"Esta pequena villa, situada ao lado esquerdo á entrada, do Igarapé-grande, na ilha do Marajó, resente-se infelizmente de muitos males, devido a sua nenhuma importância política, porque apenas da um eleitor.
Não há quem tome interesse por essa Villa, alias de boa situação topographica, em logar alto e secco, clima agradável, ventilação constante e com excellentes banhos.
A intriga, segundo informações uniformes, reina sempre entre os habitantes.
A igreja está indecente no interior, devido isto a falta de vigário; a casa da camara e cadeia ficam n’uma aba da mesma igreja, sendo aquella tam acachapada e abafadiça, que dizem a tempos haver ali morrido de asphixia um cidadão jurado, e esta, a cadeia, uma immunda enxovia com grade de ferro na janella da frente, e tapagens de estacas de acapu na abertura detráz!
Póde-se, pois, dizer que não tem casa de camara e cadeia.
Não há igualmente uma ponte de desembarque, coisa urgentemente necessária , e que a assembléia provincial, com menos justificação, já concedeu para o Mosqueiro, que no entanto é uma simples freguezia.
A iluminação das ruas é feita com kerosene em lampiões do antigo systema, e á custa dos particulares.
Entretanto a Villa é bonitinha, tem já muitas casas de telha, algumas de duas salas com a fachada bem arranjadinha, sobressaindo entre todas o elegante palacete do Sr. Major Francisco Bezerra da Rocha Moraes, abastado fazendeiro e proprietário em Soure..."
Extraído do periódico a Regeneração de 23 de agosto de 1874

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

URTIGA

O Padre Eutiquio durante grande parte de sua existência e de sua vida política foi sempre odiado por muitos. No dia 10 de outubro do ano de 1852, passou a ser publicado no Pará um periódico de nome “Urtiga”, ao qual possuía em suas paginas este religioso politizado, como um de seus redatores. O novo órgão de imprensa era rodado na Tipografia Conciliadora de propriedade do Chantre Mattos. A oposição considerou que o periódico somente tinha como objetivo caluniar e afetar os inimigos do Padre.

Assim foi satirizado por seus opositores:

“ Outro officio Pai Eutiquio! ... Lembra-te do = Dictado = que preto (ou Negro) como filho de Caim ou do Diabo se não deve nunca metter em negocios d’ Abeis ou Baltazares, por que se não sujas, ficas sempre Tisnado...” (O Publicador, de 23 de outubro de 1852)

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Os Hebraicos Vendilhões

Apesar de tanto se falar que o brasileiro não é um povo racista e preconceituoso, as nossas constantes notícias desmentem essa afirmativa, e isso não é de hoje, lendo ainda o “Publicador Paraense” de 15 de setembro de 1852 encontrei esse desabafo de um morador da cidade de Belém, no século XIX:
“ Chama-mos a attenção da nossa Policia sobre esses Hebraicos Vendilhões que com a maior sem cerimônia entrão pelos corredores das cazas particulares, como se entrassem nas suas próprias: é um abuzo que, ao nosso ver lhe deve ser prohibido, por que não contentes de profanarem a moradia dos cidadãos tratão-nos inda de mais a mais indecorosamente, como se tratassem qualquer muleque.
... e eles que com honrosa excepçães costumão ter unhas na palma das mãos, se como disse acontece de estar a caza só La vai indo pegando na tal unha alguma cousa que por accaso esteja menos bem arrecadada...”

Vendedores de porta. Hoje reclamamos tanto das ligações e dos vendedores on-line, imagina o que falaríamos destes!?

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Um Lembrete

Certo empregadinho publico que tem iludido o respeitável, intitulando-se estar em um estado que não tem, faltando os deveres da Religião e ao caracter de homem honrado. Temos a dizer que, como este sugeitinho, nos consta, que á dias teve mais um filho. Esperamos que elle agora cumpra o que a muito tem prometido por que do contrario terá de ver seu nome por extenço nas colunas dos periódicos desta capital, para que todos o fiquem conhecendo... Em fim nos esperamos que com estas linhas se envergonhe de continuar a praticar um abuzo, que se torna escandalozo... La diz o rifão: “Não faças ás filhas alheias, aquillo, que não gostarias que fizessem ás tuas, se por acazo as tivesses.”
Basta por agora, ficamos na espectativa do rezultado.
O Tiburcio

Este artigo encontra-se no “O Publicador Paraense” de 25 de julho de 1852, pagina 3. Se hoje todos levassem esse pequeno puxão de orelha, será que as coisas seriam diferentes?

sábado, 10 de janeiro de 2009


Deixo aqui uma excelente fonte para quem busca estudar o Pará do século XIX, em sua decada de 70. Apesar de não ser publicada na provincia e nem mesmo no Brasil, contem muitas informações sobre a provincia do Pará. Em Belém, pode ser encontrada no Gremio Literario e Recreativo Portugues.

domingo, 4 de janeiro de 2009

Praça Batista Campos


Uma foto publicada na Revista do Norte, mostrando a Praça Batista Campos, depois de sua reforma.

Roubo no Pará

Parece que desde que o Brasil é Brasil, a corrupção é noticia de destaque nos periódicos da nação, assim se relatava na revista O Novo Mundo, acerca de acontecimentos no Pará da década de 70 do século XIX:
“ROUBO NO PARA
As folhas da capital da província do Pará occupavam-se detidamente com o extravio de cerca de 200:000$, que se reconheceu ter havido na thesouraria geral daquella província e é attribuido ao 1º escripturario da mesma thesouraria, Francisco Xavier do Espirito Santo.
A questão relativa ao estellionato e á responsabilidade dos empregados que foram envolvidos na occurencia da camara municipal em outubro do anno que terminou, esta em andamento; o tribunal da relação já confirmou os despachos de pronuncia proferidos pelo juiz de direito do 1º districto contra os indiciados J. Galdino Silva, ex-secretario, Antonio Dias Guerreiro Junior, ex-official maior, considerando apenas como complice o ex-procurador Francisco de Salles Freire de Mello Barata, pelo que este obteve fiança e tem que ser julgado solto no respectivo jury.
Há pois actualmente no Imperio – roubo no Pará; roubo na Alfandega de Santos; roubo na camara municipal de Belém; moeda falsa e contrabando no Rio Grande do Sul, contrabando de trapos por sacos na própria Alfandega do Rio de Janeiro.
Cá e Lá más fadas há.”

Isso era e ainda é o Brasil, o Pará e Belém.....

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

La comedia é finita !

“...eu não te quero!...
E cada vez te quero mais!”

Esquece-me, e para sempre.

Tu nunca me amaste, e mesmo tiveste a louvável franqueza de m’o dizer um dia, tardiamente embora. Sinto que pouco a pouco foi se extinguindo o amor cego e puro que te votava; e um resto de amizade que ficou esquecido no fundo do coração não poderá servir-nos, na hora presente, para esperança da ressurreição desse passado feliz, em que eu te amei fervorosamente e tu calculadamente soubeste illudir!

O perdão mata a amizade!...

Amando te outra vez – iríamos, de certo, destruir desapiedadamente o encanto desse venturoso passado, que se implantou saudosas lembranças, - eu o juro – foi só no meu coração, que te idolatrou e que não te amando mais, nem por isso deixou o empolgasse o ódio justo á tua cruel traição!

Poupa-me, pois, esse único refugio que minh’alma – acerbamente maguada – irá procurar nas horas de tristeza e tédio. E serás, então o meu consolo, tu que ES a causa dos meus padecimentos!

A felicidade já não nos sorri mais! Os dias alegres e risonhos da nossa ventura não voltarão jamais. A primavera chega todos os annos, todas as veigas florescem novamente. Mas repara bem que não são as mesmas rosas que embalsamaram a campina na estação passada, as que hoje perfumam a brisa travêssa que lhes arranca as pétalas deliciosamente...

Assim são os amores. E eu renuncio, de bôa vontade, a conquista de pertenceres-me outra vez.

As lagrimas fazem nascer o perdão, que, desgroçadamente, mata a confiança e a sinceridade do amor. E esse perdão, que afinal nada perdôa! Mais não é do que a lembrança de uma horrível traição, que se procura esquecer e que mais se nos aviva aterradoramente na memória com a presença de quem faltou a deveres de lealdade e de honra.

Quando te amei loucamente – fingiste-te apaixonado por mim, até o momento em que a razão despertou-me e eu vi o quanto eras volúvel e teus lábios mentirosos!

Agora que a tua alma arrependida chora amarguradamente em busca do meu amor, é queres que eu reviva em meu coração sentimentos que já não existem mais por ti, que os aniquilaste a rir!

Esquece-me, pois, e deixa que eu, malgré tout, não tenha forças bastante para
fazer-te o mesmo.

É o único accordo que devemos tomar depois do que aconteceu, e antes que o ódio venha apagar esta abençoada chama de ternura e piedade que por ti me ficou a arder no coração, por sobre os destroços de tantas illusões calcinadas.

A felicidade já não nos sorri mais. Os dias alegres e risonhos da nossa ventura jamais voltarão. A Primavera chega todos os annos, todas as veigas reverdecem e se enfloram novamente. Mas, repara bem, que não são as mesmas rosas que embalsamaram a campina na estação passada as que perfumam hoje a brisa trâvessa que lhe arranca as pétalas. Assim são os amores...

Esquece-me,e para sempre!

Leonor da Silveira - Folha do Norte 1896

Uma pioneira...


Anna Tourão Machado era oriunda de Igarapé Mirim, cidade da província do Pará, filha do coronel Antonio Lopes Machado e de Dona Andreia Tourão. Foi uma das primeiras mulheres a formar-se em medicina e exercer esta atividade no Brasil.
Conquistou seu diploma na America do Norte, na universidade de Nova York, no ano de 1885, porem, para poder exercer a atividade no Brasil teve que submeter-se a exames, aos quais foi aprovada com distinção, defendendo a tese Ovariotomia, em 1887.
Desempenhou suas atividades na sua província de origem, sendo conhecida por sua bondade e dedicação as atividades medicas.
Contraiu núpcias, em 1890, como o cirurgião-dentista Emilio Marinho Falcão.
Mais uma das notáveis paraenses esquecidas pelo tempo...