sábado, 23 de outubro de 2010

Praça da República




Autoria da Foto: Filippo Augusto Fidanza

Batismo dos Apinagés


No dia 4 de junho de 1848, ocorreu na cidade de Belém, mais um exemplo de consagração da Igreja Católica e das autoridades da Província sobre os nativos, o batismo de 7 índios apinagés.

Desde 1845, o indigenismo brasileiro viveu uma fase de total identificação com a missão católica. Amparado pela legislação vigente, o Estado dividia os encargos da administração da questão indígena com as ordens religiosas católicas, era a catequese e a integração destes elementos nativos ao Império do Brasil, nem que fosse somente para a utilização de sua força braçal.

Dentro desta política, o Exmo. Sr. Conselheiro Jerônimo Francisco Coelho, Presidente e Comandante das Armas da Província, organizou, na Matriz da Freguesia de N. Senhora de Santana da Campina, o batismo dos 7 índios Apinagés, estando entre eles o gentil Pedro, filho do Tuxaua dos Apinagés, que alem de receber os sacramentos católicos, passava a integrar o quadro militar da província como Alferes.

Para a realização da cerimônia foi convocado o Reverendo Cônego Honorário Felippe Nery da Cunha, que também ficou encarregado de ensinar a doutrina e prepará-los para receberem o Sacramento da Fé.

Nada foi esquecido, os membros da nação Apinagés, receberam vestimentas adequadas e fardas de Alferes e de Sargento foram confeccionadas para serem utilizadas pelo nativo Pedro e Antonio (“…outro índio mais desenvolvido…”), alem de haver a mobilização do 3º Batalhão de Artilharia para acompanhar a cerimônia e ser responsável pela musica.

As 7 horas da manha teve inicio a cerimônia, contando com a presença de inúmeras figuras notáveis da Província, que se apresentaram com toda a etiqueta, ainda mais que algumas destas personalidades haviam sido solicitadas pelos nativos para fazerem as honras de padrinhos, entre eles: D. Maria Pombo Bricio, D. Ignez Chermont de Miranda, Comendador Antonio Lacerda de Chermont, Comendador Jaime David Bricio, Coronel Francisco Raimundo Correa de Farias, Coronel Miguel Antonio Nobre e D. Ignez Antonia de Chermont Pereira.

O filho do chefe Apinagés, Pedro, teve como padrinho o Dr. João Batista Gonçalves Campos, Chefe de Policia da capital e como madrinha D. Josefina Carneiro.

Mais uma vitoria da “Civilização” e “Progresso” do Império do Brasil e da Fé Cristã…
(Treze de Maio de 10 de junho de 1848)

OBS: A pintura é de autoria de François Auguste Biard - Os Mundurucu às margens de um afluente do rio Madeira - 1862