quarta-feira, 22 de abril de 2009

Eleições Provinciais

Qualquer coincidência com os dias atuais....

“Teve lugar no dia 18 p.p a eleição para deputados provinciais, e, no collegio desta capital, foi ella bem trabalhosa para os candidatos.

Tudo empregarão os pretendentes para obter bons resultados; pedidos, empenhos, promessas, ameaças, enganos e intrigas, nada lhes escapou; todos os meios por mais infames que fossem, erão empregados por alguns para obter votos para si, e exclusão de outros candidatos.

Dizem também que S. Exc. o Senr. Presidente da província Dr. Fausto Augusto de Aguiar, menosprezando a dignidade do lugar emminete que ocupa, commetteo a baixeza de pedir a alguns eleitores para não votarem em alguns candidatos.

Custa-nos a crer, que somente pelo receio da opposição que na Assembleia Provincial lhe podessem fazer alguns poucos indivíduos, S. Exc. a tanto se aviltasse, e por conseguinte estamos convencidos, que se tal procedimento teve o Exm. Senr. Presidente (o que ainda duvidamos) foi para satisfazer exigências dessa camarilha,q eu o rodeia, que se gaba de presidir a todos os actos da Administração e de obter tudo quanto quer...”
( O velho Brado do Amazonas, 10 de maio de 1852)

É a mais pura das realidades.

Brasil, Brasil!! Mais de 150 anos e continuas o mesmo? Querer ser tradicional é aceitável, mas tem certas atitudes que se deve modificar... Supera Brasil !

sábado, 11 de abril de 2009

Judas e Cristo















(Revista Novo Mundo 23 de abril de 1872)

Sabbado d'Aleluia

“O Sabbado d’ Aleluia não fez differença dos outros sabbados, se não pelo estridor dos foguetes, e repique dos sinos. Foi huma boa medida aquella da prohibição dos taes Judas, porque esse divertimento trasia comsigo funestas conseqüências, quando menos a da tardança dos muleques que ião fazer compras, e se entretinhão no bates caió ate que horas, sentindo os seus srs essa tardança, e os muleques muitas vezes serem recompensados com algumas dusiasinhas de bolos.”(Publicador Paraense 2 de abril de 1853)

quarta-feira, 8 de abril de 2009

"Ultimas Modas de Vestuarios de Senhoras"


Meados da década de 70 do século XIX (Novo Mundo/23/set/1874)

Um Brado dos Escravocratas

A 4 de setembro de 1850, foi aprovada a lei Eusébio de Queirós, que legalmente dava fim ao tráfico de escravos. Se de imediato esta lei não trouxe profundas transformações em algumas regiões, haja visto, ter ocorrido um aumento do trafico ilegal e um tráfico interno, outras em pouco tempo sentiram a diminuição da mão de obra agrícola e prejuízos latentes em suas economias. A Província do Pará encontrava-se entre estas ultimas.

Menos de um ano depois os periódicos da província já manifestavam sua indignação ante a situação em que se encontravam as lavouras do Pará. Na realidade a questão da crise da produção agrícola no Pará não era tão somente resultante da minguada mãos de obra e do fim do tráfico de escravos, era uma questão estrutural, mas que na mentalidade de muitos, era acentuada pela escassez de trabalhadores.

O problema passou a ser como conservar os escravos ainda existentes, devido ao fato da crescente fuga e formação de quilombos.

...quando em fim mais se disima nesta província a gente do serviço rural, pela constante fuga de escravos, apadrinhada pelo desleixo das authoridades a respeito dos quilombos, a proteção mesmo de algumas... importa que o escriptor publico alce hum brado,e brado bem forte a favor da classe agrícola e proprietária; e reclame dos poderes do paiz a devida proteção, e necessárias providencias...”(Velho Brado do Amazonas, 17 de junho de 1851)

Os quilombos eram uma realidade e se disseminavam rapidamente pela província, do mesmo modo que no restante do país, e mais do de nunca criavam um desconforto em determinados setores da sociedade. Se antes estas comunidades encontravam-se fincadas nas, mas remotas matas da província, em 1850 estavam mesmo às portas da capital.

A província era uma sociedade em transformação, onde alguns não conseguiam aceitar as mudanças, ainda mais referentes aos negros. Centenas de reclamações a cerca da liberdade e comportamento, dos cativos, eram contestadas, e responsáveis pela indignação dos setores mais tradicionais.

“...a fuga de escravos continua em grande escala; os quilombos tem emissarios nas cidades, os escravos tranzitão com a maior liberdade a deshoras pelas ruas da própria Capital, sem bilhete o guia de seus Senhores; frequentão batuques nocturnos; possuem cazas alugadas por sua conta, e isto em contravenção de leys em vigor...”(Idem)

Ante tudo isso, os fazendeiros clamavam por providencias por parte das autoridades, ainda mais quando se verificava a existência de um fluxo comercial entre os quilombos e a capital da província. Os aquilombados costumavam aportar no porto do Sal, onde vendiam lenha, carvão, frutas e compravam o que necessitavam, chegando mesmo a adquirir pólvora e armas.

“...tudo isso o povo sabe; e a policia? Tudo tem ignorado! Ou a tudo tem feixado os olhos!...Cremos porém que teremos remédios, porque os clamores de vários lavradores e proprietários já tem chegado á os ouvidos da Prezidencia, e da Chefatura da Policia...”(Idem)

Era o brado de uma sociedade declinante que parecia não saber viver sem a infâmia da escravidão.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Gavião na Gaiola – O Regresso do Cabano

Em uma das postagens anteriores, falei sobre Eduardo Angelim, e citei a prisão de seu irmão Geraldo Francisco Nogueira Gavião, agora venho descrever um pouco deste outro cabano nas palavras de seus conterrâneos.

“...foi prezo na Ilha das Onças, o facínora Geraldo Francisco Nogueira Gavião. Quem teve o infortúnio de prezenciar nesta cidade os acontecimentos dos annos de 1835 e 1836, conhecerá de perto a quanto He possível chegar a ferocidade do coração humano: O celebre Gavião alem da notoriedade de suas malvadezas, commetteo entre outros assassinatos, o de huma pobre molher branca que foi por elle conduzida desde a rua da Madragôa, até ao portão da estrada de Nazareth, a onde a fuzilara Barbara e cruelmente; foi este mesmo assassino que deo começo ao ensendio das cazas nesta Capital e praticou tantos outros actos so dignos delle mesmo: Este assassino dissemos, que fugira de Pernambuco, para cuja a província foi mandado por hum certo numero de annos, acha-se actualmente prezo na cadeia desta Cidade, e sob a vigilância do nosso digno Chefe de Policia que a despeito de fortes empenhos que já por ahi girão e por figurões de alto cuturno para pô-lo na rua, não se deixará levar por quaesquer que sejão as potencias que vergonhozamente se empenhão a favor de hum tal assassino”( O Velho Brado do Amazonas, 20 de março de 1851)

O artigo, mesmo que carregado de interesses políticos e pessoais, ainda demonstra em suas linhas mais o temor da população por novos conflitos do que o ódio em relação ao ex-chefe cabano.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Desembargador Antonio Bezerra da Rocha Moraes


Nasceu em Bragança, sendo filho de Francisco Bezerra da Rocha Moraes e D. Leonarda Maria da Conceição Bezerra . Fez seus estudos secundários na capital da Província. Posteriormente embarcou para Recife onde cursou a faculdade de Direito, titulando-se Bacharel em 1871. Neste mesmo ano retorna ao Pará, onde vai assumir a promotoria publica da capital, por ato de 19 de dezembro.

No desempenho de sua função na promotoria, foi designado em 31 de julho de 1873, para desempenhar a função de juiz municipal de Soure. Vai ser nomeado em 6 de junho de 1874, com posse no dia 22 do mês seguinte, para desempenhar a função de juiz municipal em Belém.

Era conhecido por seu temperamento forte, estando desde muito novo envolvido em conflitos pessoais, tendo entrado em desentendimento com companheiros de faculdade. A partir de 1878, passa a ser inimigo de seus irmãos Demetrio Bezerra da Rocha Moraes e do coronel Francisco Bezerra de Moraes Rocha. Esse desentendimento ocorreu devido à disputa eleitoral em Soure.Este conflito perdurou por muitos anos, ocorrendo uma verdadeira guerra, onde os órgãos de imprensa de cada partido defendiam um dos lados.

Como chefe do partido conservador de Soure, acaba por entrar em conflito com o chefe do Partido Católico da Villa, o Reverendo J. Esperança. Conflito este que chega, ao confronto físico, no dia 4 de janeiro de 1880 .

O Dr. Antonio Bezerra da Rocha Moraes, exerceu o mandado de deputado geral pela província do Pará, sendo membro do partido conservador.

Foi nomeado juiz em igarapé-mirim, da 1ª entrância, em 23 de agosto de 1886, entrando assim na carreira da magistratura. Vai retornar a Soure, em 22 de agosto de 1890, em 2ª entrância.

Com a proclamação da Republica vai assumir a função, através de nomeação, de 1° presidente do Conselho de Intendência de Soure, se mantendo de 1889/1890.

Exerceu a Chefia de Policia em Belém, por nomeação de 1 de julho de 1898, se mantendo no cargo ate 17 de janeiro de 1899. Foi neste período que estalou o caso Vitoria de Paula de Soure.

Em 19 de junho de 1891, de acordo com o que estava expresso na nova Constituição Estadual, foi baixada a nova organização do judiciário e por decreto de 20 de junho de 1891 o Dr. Antonio passa a ser membro do Tribunal Superior de Justiça, no posto de desembargador, aonde vai manter-se por 10 anos. Retirou-se por motivos de moléstia, no dia 17 de abril de 1901, não tendo mais condições de voltar às atividades judicantes.

Foi delegado do Brasil ao Congresso reunido na “Société Genéral des Prisions” de Bruxelas, em 19 de Abril de 1899. Publicando posteriormente o Trabalho: “Os Systemas Penitenciários”
“Estudo sobre os Systemas Penitenciários”.

Costumava escrever para o jornal “A Folha do Norte”, sobre assuntos de Direito penal.

Juntamente com os irmãos era proprietário de terras no Marajó, no município de Soure. No ano de 1884, buscando a melhoria de seus rebanhos, manda buscar em Holstein (Hamburgo), novilhos de raça, gado este que chega a província a bordo do vapor “Maranhese”

Casou-se com Dona Florisbella, tendo os seguintes filhos: Dario, Antonio, Mario , Malvina , Florisbella, Olympia, Angela, Lucilla e Anna Bezerra.

Viaja por alguns anos pela Europa, buscando melhoria em seu estado de saúde, vindo posteriormente a se estabelecer na capital da Republica. Faleceu em 27 de novembro de 1908, no Rio de Janeiro, sendo embalsamado e seu corpo enviado para Belém, onde foi sepultado em Mausoléu próprio no Cemitério de Santa Isabel.

As Ciências no Pará


Este ilustre homem foi um dos mais importantes cientistas, que viveu no solo paraense. Apesar de nao nascer no Pará, foi aqui que construiu seu nome e desempenhou suas mais importantes atividades cientificas.

Nasceu em 6 de junho de 1818, na província de Minas Gerais, na Villa de Oliveira do Piranga, sendo filho de Antonio Soares Ferreira e de D. Maria Joanna Lopes de Oliveira Penna.

Ferreira Penna vem para a província do Pará, acompanhando o presidente Tenente Coronel Manoel de Frias Vasconcelllos, no ano de 1858, na função de secretario do governo.

Era ligado ao partido liberal, que defendeu e honrou dentro da província tanto pelos cargos públicos que desempenhou como pelas publicações nos órgãos de imprensa.

Quando da posse do Barão de Marajó, como presidente da província do Amazonas (25 de novembro de 1867 – 9 de fevereiro de 1868), o acompanhou, e nesta província pode ter mais contato com a realidade da Amazônia e pode aprofundar seus estudos, que deram origem e serviram de base para algumas de suas obras.

Ao regressar a Belém, passou a desempenhar diversos cargos, como Bibliotecário público, professor de geografia do Liceu Paraense, professor de historia e geografia da Escola Normal e diretor do Museu.

Ocorre que seus trabalhos e pesquisas não receberam todos os méritos devidos em seu tempo, se mantendo sempre em situação financeira precária, só apaziguada com a ajuda que recebia de duas famílias paraenses, a Montenegro e Assis. Faleceu em 6 de janeiro de 1888, de congestão pulmonar, sendo, seu funeral bancado per seus amigos. Sendo sua ultima homenagem, prestada por José Verissimo, á beira de seu tumulo.

Por ordem de Augusto Montenegro, então governador do Estado, foi erigido um monumento em sua homenagem, no museu Goeldi.

Deixou entre suas obras: A Ilha de Marajó, O Tocantins e o Amapá, A região ocidental da Província do Pará, Explorações no Amazonas, Scenas da cabanagem no Tocantins, Índios de Marajó e O Rio Branco.