quinta-feira, 14 de maio de 2009

Retiro Moêma


Localizado hoje na beira da estrada que liga Belém-Castanhal. Pertencia ao senador Antonio Lemos. Suas ruinas ainda podem ser vistas.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Cônego Político ou Político Cônego? - Siqueira Mendes


Manuel José de Siqueira Mendes, nasceu em Cametá em 6 de dezembro de 1825, sendo filho de Francisco José de Siqueira Mendes e Maria do Carmo Brito Mendes.

Seus estudos primários ocorreram em sua cidade natal, passando posteriormente para o seminário de Belém, por influência de Dom Romualdo Coelho, onde recebeu as ordens de presbítero. Será na administração de Dom José Afonso de Morais Torres que será nomeado secretário do bispado e pouco depois cônego da Sé de Belém.

Está intimamente ligado ao magistério, onde desempenhou as funções de lente de Teologia e Moral do Seminário e de latim no Liceu Paraense, neste último aposentou-se em 21 de abril de 1871. Juntamente com Antônio Gonçalves Nunes e outros, realizou a fundação do Colégio Santa Cruz em Belém, que mais tarde passou a chamar-se Colégio Paraense. Em sua terra natal, fundou outra instituição de educação, também chamada de Colégio de Santa Cruz.

Amado por muitos, odiado por outros, o Cônego Siqueira Mendes, era um homem energético, alimentado por ideais que muitas vezes não foram compreendidos por seus pares. Iniciou sua vida política junto ao partido liberal, mas rapidamente passou para o conservador, onde em pequeno espaço de tempo, impulsionado por seus ideais e sagacidade, passa a desempenhar papel de destaque, tornado-se a partir da década de 70, um de seus indiscutíveis chefes. Uma década depois era chamado de o chefe único do partido conservador do Pará.

Por diversas vezes foi eleito para a Assembléia Provincial, onde em alguns mandatos, desempenhou a função de presidente da casa. As disputas entre liberais e conservadores, sempre marcaram a política paraense, chegando-se a afirmar que dentro da província não existiam partidos políticos, mas sim interesses pessoais alimentados pelas presidências. Eram verdadeiras brigas pessoais, onde todos eram atacados tanto no âmbito público como privado.

O cônego em nenhum momento esteve distante deste tipo de política regional, sofrendo freqüentes ataques de seus opositores e no início da década de 70, tendo que enfrentar uma cisão dentro de seu partido, o que levou a criação de uma sociedade opositora a sua liderança e ao nascimento do partido Católico, liderado por Dr. Pinheiro e o futuro Barão de Igarapé Miry.

Esteve na capital do império, por 4 vezes a ocupar uma das cadeiras da Deputação Geral, onde brigou energeticamente por políticas e medidas que visavam o engrandecimento da província que representava.

Foi nomeado vice-presidente da província do Pará e deste modo foi chamado, algumas vezes para desempenhar o exercício da presidência. Em todos os momentos foi amplamente atacado e suas políticas contestadas por muitos. Não se esquivava de enfrentar seus opositores e de defender seus ideais, mesmo que para isso fosse necessário enfrentar a própria população da província.

Nos finais da década de 60, teve que enfrentar o movimento dos liberais, em 72, declarou guerra aberta ao então presidente da província Abel Graça e ao presidente da Assembléia Provincial, e nos primórdio da década de 80, durante a sua presidência na câmara, teve que enfrentar armadamente o levante popular contra as resoluções votadas na assembléia.

Seu nacionalismo exacerbado, também lhe rendeu duras criticas, uma vez que foi, ferrenho defensor do fim do monopólio do comércio por estrangeiros, e assim seu nacionalismo foi confundido com xenofobia.

Ocupou, o Sr. Cônego Siqueira, eminete posição no Brasil, sendo senador representante da terra que lhe foi berço. Por 3 vezes tinha feito parte da lista tríplice para ocupar uma das cadeiras vitalícias do senado, porem mesmo sendo o mais votado de todas elas, sofreu o dissabor de não ser escolhido pelo imperador, em favor de homens de menor prestigio. Somente em 1886 recebera o tão merecido reconhecimento e será elevado ao nível dos mais altos políticos do império, onde se manteve até a proclamação da república.

Com a proclamação da Republica, o chefe único do partido conservador no Pará, declarou a extinção do partido do trono e do altar e a incorporação de seus membros nos novos partidos políticos, como o democrata e o republicano, para assim engrossar as fileiras do novo regime e facilitar a transição. Para muitos foi o último e maior erro que cometeu em sua vida política.

Inconformado com o andar da política e dos negócios públicos, ainda tentou organizar o partido nacional, e criou um órgão na imprensa, visando divulgar sua contestação e organizar a oposição, porém o peso da vida lhe tolheu os anseios.

Jamais curvou-se ante homem algum, mas o peso dos anos e a vida conturbada, lhe renderam uma grave moléstia, que acarretou na sua retirada da vida publica e a busca de melhores ares na província do Ceará. Foi na Capital desta província e afastado da terra que lhe ofereceu berço, que veio a falecer em 6 de março de 1892, um dos maiores vultos paraense.

Durante toda sua vida política, péssimo juízo foi traçado a seu respeito e a sua honestidade, porem tudo isso foi ultrapassado, quando se verificou o estado de miséria em que encontrava-se no momento de sua morte, estando desprovido de bens materiais e desapegado como sempre o foi.

Foi um homem trabalhador, batalhador vitorioso, exemplo de constancia e afervo a disciplina, que teve uma vida tumultuada e muitas vezes fruto de polemicas. As opiniões e apreso a sua figura, não são unânimes, porém a historia de nossa política e sociedade, reserva-lhe lugar honroso em suas paginas.

Foi deputado provincial, deputado geral, vice-presidente de província e senador do Império do Brasil de 1886 a 1889.

Antonio Acatauassú Nunes


Antonio Acatauassú Nunes, nasceu na cidade de Belém, em 31 de Março de 1861, sendo o filho primogênito do dr. Antonio Gonçalves Nunes e de Rita Gonçalves Acatauassú, que posteriormente receberam o titulo de nobreza de Barão e Baronesa de Igarapé-Mirim.

Na cidade de Belém, executou seus estudos primarias e secundários, sobre a orientação de seu pai. E quando no momento de escolher a carreira que iria seguir, optou pela mesma do genitor, a advocacia. Com esse intuito matriculou-se na Faculdade de Direito de Recife onde se graduou em Direito, no ano de 1882, mesma turma em que se formou o jurista Clóvis Beviláqua.

Ao retornar para Belém, ingressou na magistratura, desempenhando a função de juiz substituto, sendo posteriormente nomeado para a função de Juiz Federal do Pará, onde se manteve até a aposentadoria.

Contraiu núpcias com Laura Rodrigues Campos, sua prima e filha do engenheiro Antonio Joaquim de Oliveira Campos. O casal teve diversos filhos, entre eles o Dr. Antonio Acatauassú Nunes Filho, prestigiado medico e professor catedrático da Faculdade de Medicina do Pará, Laura Campos Acatauassú Nunes, Candida Acatauassú Nunes, Raul Acatauassú Nunes, Genaro Acatauassú Nunes e Paulo Acatauassú Nunes

Exerceu a função de Procurador Geral do Estado e junto ao Colégio Paes de Carvalho, foi representante do governo federal como delegado.

No ano de 1901, juntamente com outros bacharéis de direito e membros do poder judiciário do Pará, fundou o Instituto Teixeira de Freitas, órgão responsável a tomar as medidas no sentido de realizar a fundação da Escola Livre de Direito. Em 31 de março de 1902, foi oficialmente instalada a Faculdade Livre de Direito. Nesta instituição era professor catedrático de Direito Comercial, sendo ainda seu primeiro Diretor.

Em 1908, estava no poder o governador Augusto Montenegro, que se encontrava em conflitos com o seu partido, liderado por Lemos. O Dr. Antonio Acatauassú Nunes, filiado ao partido e amigo intimo de Antonio Lemos, acreditava que seria indicado para a sucessão governamental, uma vez que também mantinha estreitos laços de amizade com o atual governador. Em agosto uma lista tríplice foi apresentada, sendo o Dr. Acatauassú Nunes o primeiro da lista, porém a escolha de Montenegro recaiu sobre João Coelho, o que levou com que o Antonio Acatauassú Nunes, cortasse relações com ambos.

Posteriormente ao incidente da sucessão Antonio Acatauassú Nunes, foi eleito, duas vezes, consecutivas, senador estadual.

Em 30 de julho de 1927, Antonio Acatauassú Nunes faleceu no Rio de Janeiro, sendo seus restos mortais transladados para a capital do Estado do Pará e conservados no mausoléu do Barão de Igarapé Mirim, no cemitério da Soledade.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Assembléia Provincial de 1850

Normalmente, em minhas pesquisas, utilizo constantemente a obra de Ernesto Cruz, a História do Poder Legislativo do Pará – 1835/1930. Nesta fascinante obra, são enumerados os membros que fizeram parte, do poder legislativo no Pará, havendo raras ausências, fruto da inexistência de fontes. Uma destas lacunas, diz respeito ao ano de 1850, ao qual resolvi preencher.

O Periódico que ficou responsável neste ano pela publicação das atas da Assembléia Provincial, foi o Planeta, ao qual encontrei alguns exemplares na Biblioteca do Grêmio Literário e Recreativo Português. No dia 2 de maio era publicada a apuração geral dos votos, e assim ficava constituída a casa Legislativa:

1. Dr. José Joaquim de Pimenta Magalhães
2. Dr. João Maria de Moraes
3. João José de Deos e Silva
4. Manoel Roque Jorge Ribeiro
5. Joaquim Marianno de Lemos
6. Pedro Miguel de Moraes Bittencourt
7. Andre Corsino Benjamin
8. Dr. Manoel Gomes Correa de Miranda
9. Dr. Joaquim Fructuoso Pereira Guimarães
10. Dr. Ambrozio Leitão da Cunha
11. Dr. João Baptista Gonçalves Campos
12. Dr. José da Gama Malcher
13. Antonio Agostinho de Andrade Figueira
14. João Wilkens de Mattos
15. João Diogo Clemente Malcher
16. José Coelho da Motta
17. José Joaquim da Gama e Silva
18. Padre Victorio Procopio Serrão do Espírito Santo
19. José Estevão Ferreira Guimarães
20. Antonio Ricardo de Carvalho Penna
21. Bispo Diocesano D. José
22. Chantre Raimundo Severino de Mattos
23. José Pinto de Araujo
24. Domingos Borges Machado Acatauassú
25. João Augusto Correa
26. Manoel Thomaz Pinto
27. Conego Eugenio de Oliveira Pantoja
28. Joaquim José da Silva Meirelles

Suplentes:

1. José do O’ de Almeida
2. Manoel Lourenço de Souza
3. João Lourenço de Souza
4. Dr. João Antonio Alves
5. Francisco Pedro Gurjão
6. Aniceto Clemente Malcher
7. Manoel Fernandes Ribeiro
8. Dr. Augusto Thiago Pinto

Na própria sessão preparatória, que ocorreu a 30 de setembro de 1850, a listagem já possuía alteração, o primeiro suplente já encontrava-se entre os deputados, ocupando o lugar pertencente a João José de Deus e Silva, que havia falecido antes do inicio das reuniões da Assembléia.

Nesta mesma sessão foram eleitos para presidir e secretariar a casa:

Dr. João Maria de Moraes – presidente
Andre Cursino Benjamin – 1º secretario.
João Diogo Clemente Malcher – 2º secretario.

No percurso das sessões foram sendo substituídos os seguintes deputados eleitos: o Dr. José Joaquim de Pimenta Magalhães, uma vez que encontrava-se ausente da província, o Bispo Diocesano D. José , que encontrava-se em visita pastoral, o Dr. João Baptista Gonçalves Campos e Padre Victorio Procopio Serrão do Espírito Santo, por questões meramente políticas, e os cidadãos Joaquim José da Silva Meirelles, José Pinto de Araujo e Manoel Thomaz Pinto, por não comparecerem as sessões.

Em substituição passaram a ocupar as cadeiras da assembléia, Manoel Lourenço de Souza, João Lourenço de Souza, Manoel Fernandes Ribeiro e Dr. Augusto Thiago Pinto e Aniceto Clemente Malcher.