terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Três Panelas Vazias


O Reservatório Paes de Carvalho foi construído no inicio do século XX, durante o governo de Augusto Montenegro. Apesar de toda a sua beleza e elegância, a sua utilização foi de pouca duração, sendo por motivos estruturais desativado.
Leandro Tocantins, em sua obra Santa Maria de Belém do Grão Pará, nos descreve a imagem e o encanto desta obra, que apesar de não desempenhar sua função primordial encantava os olhos: “quem chegava a Belém de Vapor uma das primeiras coisas que distinguia era a caixa d`Água, que chegou a personalizar a cidade, assim como o Pão de Açúcar, a Torre Eiffel, a Estatua da Liberdade, marcam o Rio, Paris e Nova York.(...). E nada havia mais alto do que a caixa d`Água” (Tocantins, 1987 pág. 347).

Apesar de não funcionar o reservatorio ganhou o apreço popular, “os Atos Oficiais chamavam na RESERVATÓRIO PAES DE CARVALHO mas o povo apelidou-a de Três Panelas Vazias” e continua “quando soava as sirenes dos carros de bombeiro, os Belemenses diziam ironicamente: Incêndio na caixa d´Água!”. (Tocantins , 1987 pág. 347)

Aqui vai mais uma recordação desta obra que já não pode será apreciada na capital do Estado, e os homens que a idealizaram

1- Dr. Augusto Montenegro – Governador do Estado
2- Dr. João Coelho, presidente da camara dos deputados
3- Engenheiro Raimundo Vianna, secretario de obras
4- Engenheiro Innocencio Hollanda, Eng. Fiscal de Obras
5- Coronel Theodomiro Martins, deputado estadual
6- Engenheiro Francisco Bolonha, contratante da obra
7- Engenheiro Loius Bégon, Auxiliar do engenheiro Bolonha
8- Engenheiro Guilherme Paiva, idem
9- Engenheiro Harry Nuding, idem

Imagens de Belém que hoje somente podem ser vislumbradas em fotografias...

Dr. Gama Lobo - O 1º Oftalmologista do Brasil


O celebre oculista nasceu na cidade de Monte Alegre na Província do Pará, em 1835. Seus pais desejavam que seguisse a carreira jurídica, porem desde novo Manoel da Gama Lobo, mostrou-se inclinado as funções medicas, e desta forma em 1853, matriculou-se na Faculdade da Bahia, onde iniciou o curso de medicina, mas o finalizando no Rio de Janeiro.
Resolveu completar seus estudos na Europa, tendo freqüentado os hospitais de Paris, Londres, Vienna, Berlim e Bruxelas, tendo como mestres homens como Jaeger, Arlt, Sichel, Desmarres, Graufe e Bowman.
Ao retornar ao Brasil, realizou, pela primeira vez no Brasil, a operação de iridectomia, para a cura de glaucoma, além de introduzir no pais as operações de tumores lacrimais, praticando também pioneiramente a tridesis na catarata luxada, no kerotocones e nas cataratas zonulares. Sendo, em 13 de abril de 1863, eleito membro efetivo da Academia Imperial de Medicina. Não foi somente nas mesas cirúrgicas que o Dr. Gama Lobo, destacou-se, durante sua vida, escreveu dezenas de artigos e quarenta livros, que foram de grande importância e enriquecedores ao mundo acadêmico brasileiro. Este notável médico, também efetuou estudos sobre a febre amarela.
Dr. Gama Lobo, faleceu em 7 de junho de 1883, em viajem ao Brasil, a bordo do navio que o transportava, sendo sepultado em Lisboa. Este paraense, pouco conhecido, atualmente, em sua época honrou a terra que o viu nascer, escrevendo seu nome nos anais de medicina e da historia.

Maestro Carlos Gomes


Hoje, remexendo em alguns papeis e fotografias, encontrei esta primorosa caricatura do Maestro Carlos Gomes, que foi estampada nas folhas da Revista Ilustrada, nos dias subseqüentes ao seu retorno ao Brasil.
Resolvi prestar esta homenagem, ao grande maestro, que mesmo não tendo nascido no solo do Pará, aqui foi onde passou os seus últimos dias, e plantou sementes que foram de grande valia para a cultura do Pará. Antônio Carlos Gomes faleceu em 16 de setembro de 1896, sendo seus restos mortais transladados para a cidade que o viu nascer(Campinas).

Colégio Paes de Carvalho

Hoje vemos o estado lastimável em que se encontram as instituições de ensino publico no Pará, o Colégio Paes de Carvalho, que há alguns anos atrás era um sinônimo de boa educação e ensino superior, onde as grandes mentes do Estado estudaram e tiveram a base de suas formações, hoje continua a ser manchete de jornais, mas não pela sua qualidade de ensino, e sim pelas atrocidades e barbaridades que em suas salas e pátios, que outrora viram as mentes mais brilhantes cruzarem seus corredores, vem ocorrendo, pelas brigas e desrespeitos que tem manchado tão sacro solo de cultura e educação.

No inicio do século passado, vemos a emoção dos nossos professores, ao adentrar neste recinto e passar a fazer parte do quadro dos seus formadores e orientadores dos neófitos do Estado, como o caso do professor Josino Vianna:

“Deve ter sido assim, igual ao meu neste momento, mixto de orgulho e alviçareiro e emoção tão fundamente cordial, o sentimento daqueles que outrora, no silencio e na magestade das cathedraes, se aprestavam na velada e no recolhimento de honras sagradas, e após, na kermesse das cerimônias festivas, se integravam na consciência de que, armados cavalleiros, tinham dahi para o futuro um único dever para a pátria e o rei: o de bem servi-los!

Queria que a expressão, graphada ou oral, traduzisse em syntese vivente o que agora experimento ao me enfileirar definitivamente ao vosso lado, mestres, amigos, e exemplos, para essa peleja de enthusiasmo, no porfiado patriotismo de ensinar ás novas gerações, repetindo diariamente o gesto sagrado que é mais que uma benção, de lançar nessa terra ensalmada de maravilhamento que é o cérebro desta mocidade, a sementeira dourada das idéias e dos conhecimentos...

Pois bem, que recebam assim, como lhes é de feitio próprio, o novo collega desvaidoso, e não tenham a ironia do sorriso, se este, como o operário do apólogo de Medeiros e Albuquerque, ao contrario dos dois companheiros, um com o pessimismo amargo de acreditar que apenas ganha salário, o outro com a indiferença que deixa cahir dos lábios ‘trabalho nisto’, mas sim que na ebriedade do sonho realizado, no orgulho da Victoria conquistada com o seu sangue (o sangue é espírito, falou Zarathustra) esqueça o apoucado das suas forças entellectuaes para acreditar tambem que edifica uma cathedral a em que se oficia pela grandeza da terra natal e na qual o coração é a pixide sagrada que se levanta em oblata ao sol amazônico para fecundação de sempre renovados enthusiasmos...”(Arquivo da Familia Vianna)

Será que os nossos docentes de hoje podem expressar-se desta maneira ao adentrar nesta instituição de ensino? Gostaria de acreditar, profundamente que sim.

domingo, 24 de agosto de 2008

Dr. Gilmancio



Demétrio Bezerra da Rocha Moraes, nasceu na cidade de Bragança, na Província do Pará em 27 de novembro de 1850, sendo filho de Francisco Bezerra da Rocha Moraes e de D. Leonarda Maria da Conceição. Seu pai era oriundo do Rio Grande do Norte, enquanto que sua genitora era filha da província do Pará, natural da vila de Soure, na Ilha do Marajó.
Formado pela Faculdade de Direito de Recife, Demétrio Bezerra da Rocha Moraes, desempenhou na capital da província do Pará, as funções advocatícias, especializando-se posteriormente em questões fundiárias. No início da vida publica, exerceu os titulações de promotor publico da cidade de Bragança e de Óbitos, tendo ainda sido chefe de policia na administração do Barão de Maracajú.
Como político, desde o período acadêmico era defensor das idéias do partido liberal, sendo conhecido pelo seu radicalismo, o que lhe rendeu diversos adversários dentro e fora da província, estando entre eles ate mesmo um de seus irmãos, o desembargador Antonio Bezerra da Rocha Moraes, um dos chefes dos conservadores na província.
Desempenhou mandatos de deputado provincial e de deputado geral. Com o fim da monarquia e a proclamação da Republica, passa a fazer parte do partido Democrático, onde desempenha a sua liderança. A partir da extinção do Democrático, afasta-se da vida política, não participando mais de nenhuma legislatura paraense.
Sua região eleitoral era a ilha do Marajó na região de Soure, onde era grande latifundiário. Durante sua vida política, votou atenção especial para aquela região, propondo diversas leis e melhorias para a vila que o viu crescer.
Na imprensa paraense, foi colaborador do Liberal do Pará, órgão oficial do partido liberal na província, onde constantemente realizava ataques aos membros do partido conservador. Será neste órgão que iniciou a serie de artigos intitulados Álbum dos Juvêncios, com o pseudônimo de Dr. Gilmancio.
Um dos redatores do Democrata era responsável por uma coluna denominada Perambulando, onde escrevia quase que diariamente sobre política e atualidades na vida publica da província, com o pseudônimo de Macário.
Exerceu o cargo de procurador federal junto à universidade de Direito do Pará, função esta que desempenhou até o seu falecimento.
Casou com Rita Acatauassú Nunes filha do Dr. Antonio Gonçalves Nunes, Barão de Igarapé Mirim e de dona Rita Gonçalves Acatauassú, deixando vasta prole deste casamento.
Faleceu em 23 de março de 1909, na cidade de Belém.