sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

La comedia é finita !

“...eu não te quero!...
E cada vez te quero mais!”

Esquece-me, e para sempre.

Tu nunca me amaste, e mesmo tiveste a louvável franqueza de m’o dizer um dia, tardiamente embora. Sinto que pouco a pouco foi se extinguindo o amor cego e puro que te votava; e um resto de amizade que ficou esquecido no fundo do coração não poderá servir-nos, na hora presente, para esperança da ressurreição desse passado feliz, em que eu te amei fervorosamente e tu calculadamente soubeste illudir!

O perdão mata a amizade!...

Amando te outra vez – iríamos, de certo, destruir desapiedadamente o encanto desse venturoso passado, que se implantou saudosas lembranças, - eu o juro – foi só no meu coração, que te idolatrou e que não te amando mais, nem por isso deixou o empolgasse o ódio justo á tua cruel traição!

Poupa-me, pois, esse único refugio que minh’alma – acerbamente maguada – irá procurar nas horas de tristeza e tédio. E serás, então o meu consolo, tu que ES a causa dos meus padecimentos!

A felicidade já não nos sorri mais! Os dias alegres e risonhos da nossa ventura não voltarão jamais. A primavera chega todos os annos, todas as veigas florescem novamente. Mas repara bem que não são as mesmas rosas que embalsamaram a campina na estação passada, as que hoje perfumam a brisa travêssa que lhes arranca as pétalas deliciosamente...

Assim são os amores. E eu renuncio, de bôa vontade, a conquista de pertenceres-me outra vez.

As lagrimas fazem nascer o perdão, que, desgroçadamente, mata a confiança e a sinceridade do amor. E esse perdão, que afinal nada perdôa! Mais não é do que a lembrança de uma horrível traição, que se procura esquecer e que mais se nos aviva aterradoramente na memória com a presença de quem faltou a deveres de lealdade e de honra.

Quando te amei loucamente – fingiste-te apaixonado por mim, até o momento em que a razão despertou-me e eu vi o quanto eras volúvel e teus lábios mentirosos!

Agora que a tua alma arrependida chora amarguradamente em busca do meu amor, é queres que eu reviva em meu coração sentimentos que já não existem mais por ti, que os aniquilaste a rir!

Esquece-me, pois, e deixa que eu, malgré tout, não tenha forças bastante para
fazer-te o mesmo.

É o único accordo que devemos tomar depois do que aconteceu, e antes que o ódio venha apagar esta abençoada chama de ternura e piedade que por ti me ficou a arder no coração, por sobre os destroços de tantas illusões calcinadas.

A felicidade já não nos sorri mais. Os dias alegres e risonhos da nossa ventura jamais voltarão. A Primavera chega todos os annos, todas as veigas reverdecem e se enfloram novamente. Mas, repara bem, que não são as mesmas rosas que embalsamaram a campina na estação passada as que perfumam hoje a brisa trâvessa que lhe arranca as pétalas. Assim são os amores...

Esquece-me,e para sempre!

Leonor da Silveira - Folha do Norte 1896

2 comentários:

alisson [ag] disse...

Olá Thiago.
Tudo bem?
Estou procurando sobre o título deste seu post...
Preciso entendê-lo...
Você pode me ajudar sobre a origem do mesmo?

Um abraço.

Thiago Bezerra Vianna disse...

Fale velho... descupla, mas nao sei a origem nao .
Abraços