Esmeralda Cervantes
Clotilde Cerdá e Bosch foi
uma instrumentista de renome e compositora de peças para harpa. Nasceu em
Barcelona 1852 sendo filha de Ildefonso Cerdá engenheiro e da pintora Clotilde
Bosch. Sua mãe mandou-a para Roma para estudar pintura com Mariano Fortuny. A
jovem acabou por optar pela música, conseguindo com que a sua genialidade fosse
reconhecida, por unanimidade, pelas mentes mais capazes da Europa, América e
Ásia no final dos anos XIX e início do século XX.
Ficou conhecida no mundo
das artes com o pseudônimo Esmeralda Cervantes. Esse pseudônimo tem origem em Victor
Hugo, que a chamou com o mesmo nome que ele tinha imaginado para a heroína de
seu romance Notre Dame de Paris, e Cervantes, em homenagem ao escritor
espanhol.
A instrumentista estreou
no Teatro Imperial de Viena em 1873, Cabouli Pasha, o embaixador turco, emitiu
o titulo de harpista imperial da Embaixada da Turquia em Viena, o imperador
Francisco José lhe ofereceu uma rica joia e Languenbach aproveitou a menina e
levou-a de Viena a Munique e de lá para todas as grandes cidades da
Confederação Germânica. Em Munique, Wagner, que a admirava, disse ao rei da
Baviera, informando-o da capacidade artística de Esmeralda: Esse é o gênio.
Continuou sua turnê pela
Europa se apresentando as principais casas reais como Inglaterra, Würtemberg,
Holanda, Grecia e Bélgica. Seu talento e maestria estavam confirmados.
Em 1875 viajou para a
América, de onde por solicitação do Imperador do Brasil iniciou uma serie de
concertos pela América Latina. Somente no Caribe realizou 36 concertos e destes
28 converteu as rendas para os feridos de guerra.
A convite do sultão
otomano se estabeleceu em Constantinopla onde passou a ser a harpista imperial
e onde também contraiu matrimonio com o germano-brasileiro Óscar Grossmann. Seu
marido era um dos acionistas da Companhia de Estradas de Ferro Urbanas Paraense
e por isso mantinha residência em Belém.
Acompanhando o marido
Esmeralda Cervantes acabou por fixar residência em Belém, onde passou a
realizar concertos em varias instituições, incluindo o instituto Carlos Gomes.
Fazia parte do conservatório de
Belém, onde ministrava aulas de elementos de harpa.
Sempre voltada as artes,
passou a fazer parte da primeira instituição de letras da Amazônia, a Mina Literária,
onde realizava inúmeros concertos e apresentações. Foi uma das editoras do periódico
A Revista, que divulgava as letras no Pará no final do século XIX.
Em 1897 solicita a câmara municipal
de Belém autorização para a construção de um pavilhão de divertimento para as
crianças na praça da Republica, por considerar necessário os exercícios físicos
por parte das crianças. Seu pedido foi aprovado por unanimidade. Esse espaço acabou
por se tornar o primeiro asilo (Creches e Kindergurten) para a infância de
Belém, contando já em janeiro de 1899 com 83 crianças. Esmeraldina Cervantes
era a sua presidente.
Com o intuito de arrecadar
fundos para esta instituição passou a auxiliar na publicação da revista “Anjo
do Lar” que revertia toda sua arrecadação para o auxilio de crianças carentes.
Durante todo o tempo em
que viveu em Belém continuou a fazer concertos onde as rendas eram destinadas a
caridade, fazendo apresentações inclusive em nome da Cruz Vermelha.
Em 18 de outubro de 1898,
a Mina Literária recebeu em Belém os escritores italianos Gemma Ferrugi e
Alberto Mazi, cabendo a ilustre harpista apresentar um belo verso de sua
autoria, denominado “Mia opinion”.
Passou os últimos anos de
sua vida em Tenerife ao lado do marido, vindo a falecer em 12 de abril de 1926.
Esmeraldina Cervantes não
nasceu no Pará, não morreu também, porem pelos seus atos e o seu grande
contributo para a difusão da musica, da educação e da caridade, deve ser incluída
entre as damas da Literatura Paraense.
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