quarta-feira, 25 de abril de 2012

Série: As Damas da Literatura Paraense


Esmeralda Cervantes

Clotilde Cerdá e Bosch foi uma instrumentista de renome e compositora de peças para harpa. Nasceu em Barcelona 1852 sendo filha de Ildefonso Cerdá engenheiro e da pintora Clotilde Bosch. Sua mãe mandou-a para Roma para estudar pintura com Mariano Fortuny. A jovem acabou por optar pela música, conseguindo com que a sua genialidade fosse reconhecida, por unanimidade, pelas mentes mais capazes da Europa, América e Ásia no final dos anos XIX e início do século XX.

Ficou conhecida no mundo das artes com o pseudônimo Esmeralda Cervantes. Esse pseudônimo tem origem em Victor Hugo, que a chamou com o mesmo nome que ele tinha imaginado para a heroína de seu romance Notre Dame de Paris, e Cervantes, em homenagem ao escritor espanhol.

A instrumentista estreou no Teatro Imperial de Viena em 1873, Cabouli Pasha, o embaixador turco, emitiu o titulo de harpista imperial da Embaixada da Turquia em Viena, o imperador Francisco José lhe ofereceu uma rica joia e Languenbach aproveitou a menina e levou-a de Viena a Munique e de lá para todas as grandes cidades da Confederação Germânica. Em Munique, Wagner, que a admirava, disse ao rei da Baviera, informando-o da capacidade artística de Esmeralda: Esse é o gênio.

Continuou sua turnê pela Europa se apresentando as principais casas reais como Inglaterra, Würtemberg, Holanda, Grecia e Bélgica. Seu talento e maestria estavam confirmados.

Em 1875 viajou para a América, de onde por solicitação do Imperador do Brasil iniciou uma serie de concertos pela América Latina. Somente no Caribe realizou 36 concertos e destes 28 converteu as rendas para os feridos de guerra.

A convite do sultão otomano se estabeleceu em Constantinopla onde passou a ser a harpista imperial e onde também contraiu matrimonio com o germano-brasileiro Óscar Grossmann. Seu marido era um dos acionistas da Companhia de Estradas de Ferro Urbanas Paraense e por isso mantinha residência em Belém.

Acompanhando o marido Esmeralda Cervantes acabou por fixar residência em Belém, onde passou a realizar concertos em varias instituições, incluindo o instituto Carlos Gomes. Fazia parte do conservatório de Belém, onde ministrava aulas de elementos de harpa.

Sempre voltada as artes, passou a fazer parte da primeira instituição de letras da Amazônia, a Mina Literária, onde realizava inúmeros concertos e apresentações. Foi uma das editoras do periódico A Revista, que divulgava as letras no Pará no final do século XIX.

Em 1897 solicita a câmara municipal de Belém autorização para a construção de um pavilhão de divertimento para as crianças na praça da Republica, por considerar necessário os exercícios físicos por parte das crianças. Seu pedido foi aprovado por unanimidade. Esse espaço acabou por se tornar o primeiro asilo (Creches e Kindergurten) para a infância de Belém, contando já em janeiro de 1899 com 83 crianças. Esmeraldina Cervantes era a sua presidente.

Com o intuito de arrecadar fundos para esta instituição passou a auxiliar na publicação da revista “Anjo do Lar” que revertia toda sua arrecadação para o auxilio de crianças carentes.

Durante todo o tempo em que viveu em Belém continuou a fazer concertos onde as rendas eram destinadas a caridade, fazendo apresentações inclusive em nome da Cruz Vermelha.

Em 18 de outubro de 1898, a Mina Literária recebeu em Belém os escritores italianos Gemma Ferrugi e Alberto Mazi, cabendo a ilustre harpista apresentar um belo verso de sua autoria, denominado “Mia opinion”.

Passou os últimos anos de sua vida em Tenerife ao lado do marido, vindo a falecer em 12 de abril de 1926.

Esmeraldina Cervantes não nasceu no Pará, não morreu também, porem pelos seus atos e o seu grande contributo para a difusão da musica, da educação e da caridade, deve ser incluída entre as damas da Literatura Paraense.

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