terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Colégio Paes de Carvalho

Hoje vemos o estado lastimável em que se encontram as instituições de ensino publico no Pará, o Colégio Paes de Carvalho, que há alguns anos atrás era um sinônimo de boa educação e ensino superior, onde as grandes mentes do Estado estudaram e tiveram a base de suas formações, hoje continua a ser manchete de jornais, mas não pela sua qualidade de ensino, e sim pelas atrocidades e barbaridades que em suas salas e pátios, que outrora viram as mentes mais brilhantes cruzarem seus corredores, vem ocorrendo, pelas brigas e desrespeitos que tem manchado tão sacro solo de cultura e educação.

No inicio do século passado, vemos a emoção dos nossos professores, ao adentrar neste recinto e passar a fazer parte do quadro dos seus formadores e orientadores dos neófitos do Estado, como o caso do professor Josino Vianna:

“Deve ter sido assim, igual ao meu neste momento, mixto de orgulho e alviçareiro e emoção tão fundamente cordial, o sentimento daqueles que outrora, no silencio e na magestade das cathedraes, se aprestavam na velada e no recolhimento de honras sagradas, e após, na kermesse das cerimônias festivas, se integravam na consciência de que, armados cavalleiros, tinham dahi para o futuro um único dever para a pátria e o rei: o de bem servi-los!

Queria que a expressão, graphada ou oral, traduzisse em syntese vivente o que agora experimento ao me enfileirar definitivamente ao vosso lado, mestres, amigos, e exemplos, para essa peleja de enthusiasmo, no porfiado patriotismo de ensinar ás novas gerações, repetindo diariamente o gesto sagrado que é mais que uma benção, de lançar nessa terra ensalmada de maravilhamento que é o cérebro desta mocidade, a sementeira dourada das idéias e dos conhecimentos...

Pois bem, que recebam assim, como lhes é de feitio próprio, o novo collega desvaidoso, e não tenham a ironia do sorriso, se este, como o operário do apólogo de Medeiros e Albuquerque, ao contrario dos dois companheiros, um com o pessimismo amargo de acreditar que apenas ganha salário, o outro com a indiferença que deixa cahir dos lábios ‘trabalho nisto’, mas sim que na ebriedade do sonho realizado, no orgulho da Victoria conquistada com o seu sangue (o sangue é espírito, falou Zarathustra) esqueça o apoucado das suas forças entellectuaes para acreditar tambem que edifica uma cathedral a em que se oficia pela grandeza da terra natal e na qual o coração é a pixide sagrada que se levanta em oblata ao sol amazônico para fecundação de sempre renovados enthusiasmos...”(Arquivo da Familia Vianna)

Será que os nossos docentes de hoje podem expressar-se desta maneira ao adentrar nesta instituição de ensino? Gostaria de acreditar, profundamente que sim.

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